Tess ligou para recepção e pediu para eles enviarem um tradutor. Um homem chamado Aran Mookjai apareceu na porta em quinze minutos e Jake rapidamente negociou o pagamento.
Suchin sentou na cama e começou a falar sobre a história da sua vida, Aran estava traduzindo as palavra dela. Ela lembrou de um infância feliz, com pais amorosos, três irmãos e uma casa fora da cidade. A famÃlia era dona de um campo de arroz. Seu pai até planejou que as crianças frequentassem a escola.
Infelizmente, seu pai morreu quando ela tinha cinco anos de idade. - Depois disso minha mãe mudou. - Sunchin disse. - Ele estava muito infeliz. Ficamos desamparados. Eventualmente, a famÃlia mudou-se para uma cabana. Quando Suchin tinha sete anos, sua mãe a vendeu, dizendo que ela seria uma empregada doméstica em uma casa. Suchin sentiu que era seu dever obedecer.
Aran explicou. - No Camboja as filhas são como propriedades. Elas estão lá como um meio de sustento para famÃlia.
Suchin continuou a contar. - Eles me trancaram em quarto. Eu chorei tentando abrir a porta. No dia seguinte, um homem disse, 'Eu tenho um cliente para você'. Eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas eu sabia que não era nada bom. Eu me recusei a ir. Então ele me levou para outro quarta, para me punir. - Ela parou por um momento. - Ele me fez beber a urina do homem, me amarrou e me cobriu com formigas mordedoras. Ele também me bateu. Finalmente, eu disse sim.
Suchin ficou desconfortável em contar sua história. Ela falou em pequenas explosões sem emoção. à como se ela tivesse se tornado outra pessoa contando sua própria história.
O primeiro cliente de Suchin era - Um homem asiático com um olhar maléfico. - Ela lembrou. Ela mudou de ideia e se recusou novamente a servi-lo. Furioso, seu cafetão levou a tortura a outro nÃvel. Ele esmagou um punhado de pimenta quente com o pé e enfiou em sua vagina. - A dor era terrÃvel. - Ela disse. - Eu não conseguia falar. Logo depois, o cliente colocou um preservativo e a estuprou, desfrutando de seus gritos.
Suchin não sabe se o cliente pagou uma taxa alta por sua virgindade. O tradutor acrescentou voluntariamente que, na maior parte da Ãsia, você poderia ter sexo com garotas por tão pouco quanto 5 dólares. Jake observou que o preço para estuprar uma garota foi inferior aos nove dólares que ele pagou num táxi do aeroporto para o hotel.
Aran continuou. - Aqui, as virgens costumam custar mais. Depois da primeira vez, não é incomum os cafetões costurarem as meninas, as vezes até sem anestesia, assim elas vão gritar de dor na próxima vez e enganar os clientes.
Posteriormente, se Suchin não cumprisse sua cota de homens por dia, o cafetão a punia dando choques com um fio elétrico solto. - Várias vezes eu me sentia tão cansada que eu não conseguia sair da cama. Os homens simplesmente vinham até mim, um depois do outro, como uma gangue de estupradores. - Ela disse. - Eu parecia estar morta, eu queria morrer.
Aran olhou para Tess, suspirou e murmurou. - Esse é o Camboja.
- Qual a obsessã por virgens? - Tess perguntou.
- Alguns homens acreditam que o sexo com uma mulher virgem traz sorte ou boa saúde. Os estrangeiros que fazem isso, normalmente são pedófilos ou homens que querem por pra fora suas fantasias violentas. Eles sabem que podem ir embora sem serem punidos aqui. Prostituição e tráfico humano são proibidos, mas os policiais são pagos para olharem para o outro lado.
Finalmente, Suchin disse que ela decidiu fugir. - Eu não me importave se o cafetão fosse me matar. Prefiro morrer do que viver daquele jeito. Uma noite, depois de um cliente ir ao banheiro, ela viu sua chance. Ela saiu correndo e chegou à entrada do prédio, onde o cafetão a pegou. Ele arrastou-a para a sala de tortura, onde a amarrou com braços abertos e chicoteou-a com uma bengala até que ela sangrasse, em seguida, esfregou pimentas quentes em suas feridas. Depois disso ele a vendeu para outro bordel.
Enquanto ela falava, uma tempestade vespertina chegava, quebrando o calor. Ela olhou para o aguaceiro por um minuto e descreveu em silêncio sua segunda tentativa de fuga. As coisas aconteceram da mesma forma. Ela foi capturada, espancada e vendida para outro bordel.
Tess perguntou, - O que lhe deu coragem para fugir de novo?
- Eu sabia que se ficasse eu ficaria doente e morreria. - Ela disse. - Eu não tinha nada a perder. Então, uma noite, quando seu guarda tinha deixado a porta, ela fugiu de novo. Desta vez ela conseguiu chegar a rua. Ela correu o mais rápido que conseguia até que seu cafetão a alcançou e começou a bater nela. Isso foi quanto Tess interveio e sem dúvidas mandou o homem para o hospital.
Jake pagou o tradutor e o acompanhou até a porta do quarto. Tess foi se sentar na varanda, com uma bebida na mão, chateada com tudo o que ela tinha acabado de ouvir de Suchin. Jake foi para o banheiro tomar um banho. Ele tirou sua roupa e se virou. Ele viu Suchin de pé, nua na frente dele.
- O que você esta fazendo Suchin?
- Eu sou sua senhor. à a única coisa que posso fazer para agradecer sua generosidade.
- Suchin - Jake enquanto vestia seu roupão de banho. - Você não tem que fazer isso. Nós não estamos cuidando de você esperando algo em troca. Apenas queremos fazer o que for melhor para você.
- Por favor, me aceite Sr. Jake - Suchin implorou. - Eu não tenho mais nada a oferecer.
Jake colocou o roupão nela e pegou em suas mãos. Ele a levou até Tess, que continuava sentada na varanda.
- Eu acho que temos um problema Tess. Ela acha que tem que nos pagar com seu corpo.
Tess se levantou e abraçou a jovem desanimada.
- Suchin, nós entendemos que nunca ninguém fez nada por você, mas agora é diferente. Você esta segura agora. Nós vamos garantir sua segurança e cuidado. Jake traduziu. Suchin chorou. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Como alguém não iria querer algo em troca?
Tess pegou a jovem pelas mãos e a sentou, tentando conforta-la. Era óbvio que a garota estava completamente desorientada e que talvez ela quisesse voltar para onde ela veio, sem nenhuma razão, mas porque era a única coisa que ela sabia fazer.
- Eu acho que devemos achar um lugar para Suchin ficar para que ela possa escapar dessa situação. Deve haver um abrigo ou instituição que ajude as prostitutas deixar essa vida.
- Isso não é a Europa ou os EUA. - Jake alertou. - Eu não tenho visto muitas evidências do funcionamento dos serviços sociais aqui. Jake, no entando, foi até seu computador e procurou por informações. Surpreso, ele achou algo que poderia ajudar. Ele descobriu uma propaganda de uma conferência católica no Camboja. Vários ministérios estavam no paÃs, incluindo o Catholic Relief Services, os Jesuit Refugee Services e Jesuit Services, a Comunidade Maryknoll de irmãs, sacerdotes e missionários leigos, salesianos e a Escola Técnica Dom Bosco.
Ele ligou para um dos números. Logo em seguida, eles levaram Suchin para um convento. Irmã Theresa, a Madre superior, recebeu eles e listou todos os serviços que as instituições religiosas estavam tentando realizar no paÃs.
Após uma xÃcara de chá, ela contou-lhes o que aconteceu. Durante a Guerra do Vietnã, os americanos que estavam perseguindo os Viet Cong, realizaram mais de 43.000 ataques aéreos dos EUA contra o Camboja, lançando dois milhões de toneladas de bombas. Alguns estudiosos atribuÃram a ascensão do Khmer Rouge a devastação que os ataques causaram. A calamidade permitiu que eles atraÃssem o apoio inicial dos aldeões rurais. O Khmer Rouge então desencadeou um reinado de terror e genocÃdio no paÃs, além de iniciar sua própria guerra contra o Vietnã, provocando muitos anos de instabilidade e sofrimento até tempos recentes. O Khemer Rouge, como organização, eventualmente se auto-destruiu. A população no Camboja que sobreviveu só está começando agora a juntar os pedaços que restaram das cidades, vilarejos e famÃlias.
- Você não deve se deixar distrair pelas belas fotografias dos templos antigos de Angkor Wat ou por algumas construções novas. - Irmã Theresa adicionou. - Embora a beleza do Camboja seja muito real, assim também é a vida dolorosa de muitas das pessoas pobres.
Jake e Tess se sentiram envergonhados. Eles fizeram um acordo com o convento, em troca de prover abrigo e reabilitação para Suchin, eles receberam uma generosa doação. Eles disseram a Suchin que quando ela estivesse pronta, eles a ajudariam a começar uma vida normal. Tanto Tess quanto Jake estavam se virando para ir embora quando Suchin, com lágrima nos olhos, abraçou os dois.
5 - Um convite para festa
Jake e Tess tinham um voo marcado para manhã seguinte, por isso foram direto para o quarto arrumar as malas. Assim que passaram pela recepção, eles pegaram as mensagens deixadas pelos membros de suas equipes operacionais de todo canto do mundo. No topo estava um envelope. A elegante carta que estava dentro foi escrita por Laurent Belcour, convidando para se juntar a ele em uma pequena festa em sua suÃte.
- Jake, aquele cara me causa arrepios. Vamos ignorá-lo.
- Eu acho que deverÃamos ir Tess. Ele é muito importante para ser ignorado. Ele financia, pelo menos, metade dos nossos projetos. -
Tess suspirou em desistência.
Eles se vestiram para a ocasião e foram recebidos por uma assistente na suÃte de Belcour, uma mulher muito atraente, que compartilhou que seu nome era Julie. Ela rapidamente os levou para dizer olá ao anfitrião. Ao vê-los, Belcour deu um sorriso caloroso, agarrou a mão de Tess e beijou-a galantemente. Desta vez, ele também fez questão de apertar a mão de Jake.
Belcour estava animado. Ele os apresentou para várias pessoas, a maioria mulheres locais por volta dos seus vinte anos. Cada uma delas era de tirar o fôlego.
As mulheres pareciam ser cultas e sofisticadas, facilmente conversavem em inglês e francês. Um por um, eles se retiraram com Belcour para um quarto, emergindo com smartphones nas mãos e conversando com seus contatos. Alguns homens asiáticos fizeram o mesmo: Alguns minutos a sós com Belcour e em seguida ligaram para alguém.
Belcour finalmente voltou para reencontrar seus convidados. Seis casais ocidentais se juntaram à festa, parecendo notavelmente semelhantes: os homens eram de meia idade e as mulheres pareciam ser significativamente mais jovens. âAquele um por cento com suas esposas troféusâ, pensou Tess.
Após reparar em Jake e Tess, os novos convidados fizeram questão de cumprimentá-los. Todos eles tinham ouvido Tess tocar piano, todos elogiaram sua performance. Lorde e Lady Clements falaram sobre o castelo deles no PaÃs de Gales, um lugar grande e triste que eles não pareciam gostar muito. Ela preferia visitar lugares mais bonitos e agradáveis em qualquer outro lugar.
- Estamos encantados de passar a maior parte do nosso tempo em Singapura - a senhora disse. - De alguma maneira é um pouco britânico e ainda moderno. Ela aparentemente estava se referindo ao antigo estatuto da ilha como uma colônia britânica.
O próximo casal veio de Chicago. Eles também eram bastante ricos e convidaram Tess e Jake para visitá-los caso estivessem por perto.
Em seguida, um casal francês abordou Tess e Jake. Eles estavam surpresos e encantados com a fluência deles em francês. - à espetacular que vocês dois entendam a importância de falar francês. - disse a Baronesa Arnault. - A maioria dos americanos não se encomodam em aprender a lÃngua. O francês costumava ser o idioma preferencial da diplomacia por um longo tempo. - acrescentou.
'Não mais', pensou Jake. 'A França tem sido quase irrelevante nos assuntos mundiais desde a Segunda Guerra Mundial.'
Jake e Tess fizeram o seu melhor para serem encantadores, mas tinham a sensação de que a festa era mais do que apenas um meio de entretenimento. Jake suspeita de que ele e Tess estavam sendo examinados e entrevistados para participar de uma espécie de clube social. Todo mundo na festa parecia se conhecer.
Belcour era o centro das atenções. As pessoas estavam disputando para conseguir falar com ele. Conforme o lÃquido fluÃa, o volume das conversas aumentava. Tess pressentia uma atmosfera de antecipação na multidão, como se eles estivessem esperando que algo acontecesse.
- Tess, vamos embora daqui. - Jake disse. - Estou com um pressentimento que algo estranho esta acontecendo.
Tess olhou para ele intrigada. Ela não se importava em ir embora, mas ela não detectou nada de estranho. Logo ela percebeu que estava errada.
Belcour os pegou na saÃda. - Por favor, não vá. Nós gostarÃamos muito que vocês se juntassem ao nosso grupo. Todo mundo está impressionado com vocês e gostariam que vocês experimentasse os prazeres que todos nós perseguimos. Vocês seriam um ótimo complemento.
Tess agora estava realmente muito intrigada. - Que prazeres?
- Vocês vão ver. Belcour respondeu enquanto pegava sua mão e a beijava enquanto olhava para ela com seu olhar irritantemente sedutor.
Um dos homens da festa, que poderia ter sido um associado de Belcour, fez um comunicado. - Mesdames et Senhores, Senhoras e Senhores, eu sou Bertrand Dubois, seu anfitrião. Que a diversão comece.
A multidão olhava em direção a uma linda mulher asiática que tinah acabado de entrar na sala. E com um movimento natura ela despiu o roupão, revelando seu corpo nu. A multidão aplaudia em admiração.
- Precisamos de um cavalheiro para apresentar e demonstrar a arte de fazer amor com esta encantadora dama.
A mulher nua não reagiu, permanecendo imóvel. Um homem da audiência foi em direção a ela, oferecendo seus serviços.
A plateia se fez confortável, alguns homens afrouxando a gravata, as mulheres com os olhos fixos no casal prestes a começar uma performance no divã.
Tess olhou para Jake, seus olhos arregalados. - Jake, eles vão fazer um show de sexo!
O homem que se ofereceu para demonstrar suas proezas sexuais tirou as roupas e se aproximou da mulher nua. O resto do grupo começou a remover suas próprias roupas também. Alguns dos casais começaram trios com as mulheres asiáticas.
Jake afirmou o óbvio. - Isso não é apenas um show de sexo. Isso é uma orgia, como todo mundo participando.
Eles foram em direção a saÃda, mas estava bloqueada. Uma dupla de gigantescos guardas estava na frente da porta. Jake e Tess estavam prestes a começar uma briga quando Belcour correu para eles, sorrindo.
- Tess, Jake, vocês são lindos e talentosos. Todos concordaram que vocês deveriam ser convidados a participar do nossoo grupo. Por favor, fiquem e experimentem os prazeres que estão disponÃveis apenas para poucos.
- Monsieur Belcour. -disse Tess indignada. - Não não estamos interessados nesse tipo de experiência.
- Por que não Tess? Somo um grupo elitista livres para perseguir nossos prazeres. Homens e mulheres da mais alta qualidade clamam para se juntar a nós para experimentar o que oferecemos. Todos aqui é lindos e ansiosos para agradar aos outros de qualquer maneira que desejarem. Eu adoraria te mostrar o que posso fazer para melhorar sua vida amorosa, e isso não precisa terminar aqui. Nós fazemos isso pelo mundo inteiro. Olhe atrás de você, isto não é um espetáculo incrÃvel?
Tess estava chocada com o que Belcour tinha acabado de contar. Ela se virou e percebeu que todos já tinham tirado as roupas. Eles estavam agora deitados em colchões que foram trazidos para a sala.
Belcour continuou. - Tess, Jake, vocês são um casal maravilhoso. Façam amor um com o outro agora até se sentirem confortáveis para começarem a se divertir com os outros. Eu asseguro que esta será uma experiência incrÃvel que vocês vão apreciar pelo resto de suas vidas.
Jake pegou Tess pelas mãos. - Nós precisamos ir.
- Ã uma pena. - Belcour observou, visivelmente desapontado. - Pensem nisso, ok?
Tess e Jake se aproximaram da porta. Os guardas continuavam em pé, imóveis feito estátuas de pedra, impedindo a saÃda. Jake olhou para eles. - Por favor, saiam.
Os guardas não pareciam levar a sério, até que Tess chutou um deles na virilha. Jake ajudou, socando o outro guarda no estômago. Os dois homens pareciam um saco de batatas.
Tess se virou e olhou para Belcour, encarando o óbvio. - Estamos indo embora. Agora.
Belcour concedeu. - Por favor, pensem nisso. Eu os verei em Paris mês que vem.
'Nos seus sonhos' Tess pensou.
Conforme eles desciam o corredor, cinco lindas garotas asiáticas passaram por eles, a caminho da suÃte de Belcour.
- Eu acho que o grupo precisa de mais variedade. - Jake observou.
***
Na manhã seguinte, Tess e Jake estavam sentados na sala de estar do aeroporto, esperando para embarcar no avião de volta para os EUA, Carmen e Nicola já haviam partido.
Jake observou um grupo de mulheres locais formando uma fila para um voo para Paris. - Eu tenho certeza que aquelas mulheres são as mesmas de ontem a noite, as que chegaram na festa de Belcour quando estavamos saindo.
Tess fechou sua revista. - Você tem certeza?
- Claro que eu tenho certeza. Eu sempre lembro de tudo.
- Triste, mas verdade. - Tess brincou. - As vezes você é muito esperto para o seu próprio bem. Não seja paranóico.
- Dê uma boa olhada nelas. à o mesmo grupo que se juntou a festa quando estávamos indo embora.
Tess agora reconheceu, pelo menos, algumas das mulheres. - Eu acho que você está certo. Parece que Belcour está exportando essas meninas para Europa.
Dois homens em ternos caros se juntaram ao grupo de mulheres. Belcour e Bertrand Dubois. As mulheres pareciam animadas em torno deles.
Jake falou no ouvido de Tess. - Eu estaria disposto a apostar que esses dois são cafetões de classe mundial.
- Se esse for o caso, será que elas sabem o que as espera? - Tess perguntou.
- Elas provavelmente sabem que vão trabalhar como prostituas na Europa. Eu acredito que elas serão usadas como cortesãs de classe alta.
Tess olhou para Jake com desdém. - Cortesã. Isso soa como algo exótico. Quem sabe o que va acontecer com elas depois que chegarem lá.
Jake olhou para Tess suplicantemente. - Não me diga que agora você quer se envolver e consertar o que quer que seja que eles estão fazendo?
Tess normalmente fica irritada quando é desafiada. - E se eu disser? Apesar de seus tÃtulos grandiosos, esse babaca do Belcour é basicamente um cafetão. Ele está usando as mulheres para entreter seus comparsas. Deve haver algo ilegal envolvido.
- Talvez, mas você não é policial. Tess, as vezes você tem dificuldade em não ultrapassar os seus limites. Você não tem autoridade legal para intervir, e se você for a polÃcia, você vai precisar de provas. Um advogado inteligente vai fazer picadinho de uma alegação não comprovada, e você ganhará a inimizade de um homem importante. Eu preciso lembrar que a organização dele fornece financiamento a muitos de nossos clientes para que eles possam comprar armas e, por sua vez, nos contratem para ensiná-los a usá-las?
- Lá você vai sendo prático novamente. Esse é o problema com nosso mundo. Tudo, eventualmente, se resume a dinheiro.
- IIsso é verdade, e você também pode viver com isso. Eles estão embarcando no avião. Vamos nos sentar e tentar relaxar. Este vai ser um longo voo.
Tess estava irritada com Jake agora. Ele sempre insistia em olhas as coisas de maneira lógica.
6 - Tentando fazer o bem
De volta a Nova York, Tess estava desfrutando da tarde descansando na varanda de seu apartamento, apreciando a vista de arranha-céus iluminados e a faixa de luz de milhares de carros percorrendo as ruas da cidade.
Jake trouxe um copo de conhaque para ela e sentou ao seu lado. Tess tomou um gole. - Isso é estranho. à difÃcil de acreditar que um homem instruÃdo como Belcour está envolvido nesse tipo de vulgaridade.
- Ele não vê isso como vulgaridade. - Jake constatou. - Ele apenas considera que o que ele está fazendo é uma forma de entreterimento para pessoas que podem pagar por isso. Obviamente todos eles tem muito dinheiro e, eventualmente, eles ficam entediados, então começam a procurar formas alternativas de excitação.
- Nós temos dinheiro e ainda conseguimos fazer algo de útil.
- Nós ainda não estamos entediados.
Tess socou levemente o ombro de Jake. - O que você quer dizer com ainda? Você está sugerindo que, eventualmente, você ficará entediado?
Jake sorriu. - Tess, não tem como ficar entediado vivendo com você. Você é tão linda e sempre tem algo mais com você.
Tess socou o ombro dele de novo, dessa vez com um sorriso. - Aliás, o que fazemos com Suchin a longo prazo? Nós não podemos deixar ela simplesmente voltar para uma vida no bordel.
- Eu ainda não tenho certeza de como podemos ajudar daqui. Jake coçou a cabeça. - Suchin é apenas uma em um milhão de garota na mesma situação. Não há dúvida de que estamos lidando com um sistema de escravidão. O problema é que a prostituição forçada é tão difundida, e quase institucionalizada, que seria necessário um esforço multinacional para resolver o problema. Do jeito que está, os governos asiáticos apenas falam sobre o controle do tráfico. Em sua maioria eles ignoram o que está acontecendo, porque, de um modo perverso, a escravidão sexual contribui não oficialmente para o seu Produto Nacional Bruto. Não são apenas os cafetões que lucram, mas a polÃcia e as autoridades locais também. Eu tenho quase certeza que os policiais aceitam suborno para olhar para o outro lado. Ser pago por cafetões é considerado como uma forma de complementar seus salários. Além disso, há uma importante indústria do sexo turÃstico. Pessoas do mundo inteiro vão para Ãsia para terem acesso as vantagens de um serviço de sexo barato e sem restrições.
Tess ficou chocada. Sua educação privilegiada não a preparou para enfrentar a dura realidade daquela situação que ela testemunhou. TÃpico do seu comportamento orientado para a ação, ela propôs fazer algo sobre isso.
- Eu acho que tenho uma solução. Tess proclamou triunfante. - Vamos estudar a criação de uma organização de resgate gerida por mulheres que foram resgatadas de uma vida de prostituição. Eu não sei vamos conseguir a cooperação do governo, mas temos que tentar.
Jake balançou a cabeça. - Tess, você tende a querer resolver todo tipo de problema que vê. Isso é muito grande para nós, especialmente porque eu não acho que vamos conseguir uma aprovação oficial para criar essa organização.
- Isso é o que todos dizem. - Tess respondeu. - Parece que todo mundo aceita as coisas ruins que acontecem porque é muito complicado fazer algo sobre. Sempre vão existir obstáculos. Tudo o que temos que fazer é trabalhar para desviar deles.
- Tess, você tem que entender que estamos lidando com um problema em escala mundial aqui. Essas coisas acontecem em todo lugar da Ãsia, Europa e América do Sul, até mesmo nos EUA. Nós não podemos simplesmente dar um jeito nisso, o problema é muito maior do que podemos lidar. Até mesmo o governo fica frustrado devido a sua incapacidade de evitar o comércio de escravidão sexual e tráfico humano em geral.
- Eu pensava que escravidão era coisa do passado.
- Não é bem assim. A escravidão hoje em dia é muito mais ampla e abrangente do que já foi no passado. Ela existe pelo mundo inteiro, de maneiras inimagináveis, desde as péssimas condições, como vimos no Camboja, até a escravidão sexual, pornografia, prostituição de alto nÃvel e comércio sexual voluntário.
Tess balançou a cabeça de um lado para outro, frustrada. - Jake, nós gastamos a maior parte do nosso tempo e esforços ensinando os exércitos a usar armas e aeronaves que, no total, custam bilhões de dólares. Talvez nós devêssemos focar em algo mais positivo. Nós temos alguns recursos e muitas pessoas talentosas. Talvez devêssemos pensar em uma nova missão.