Книга O Encontro Entre Dois Mundos - читать онлайн бесплатно, автор Aldivan Teixeira Torres. Cтраница 4
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O Encontro Entre Dois Mundos
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O Encontro Entre Dois Mundos

O retorno à trilha fez aflorar novamente em mim a ansiedade, a inquietação e as preocupações de sempre, referente a minha vida pessoal e profissional. Além disso, a todo instante me pergunto sobre o futuro. Em certa ocasião, a pressão é demais e peço para Renato que paremos um pouco. Ele concorda, nos hidratamos, comemos um lanche e traçamos os nossos planos. Quando nos recuperamos, retomamos a caminhada. Nossos passos nos levam a paisagens desconhecidas e maravilhosas e aproveitamos para tirar algumas fotos. O ambiente era tranquilo e aconchegante e nada nos levava a crer que há cerca de oitenta anos atrás aquele mundo era um mundo de violência e autoritarismo, mas era o que a história registrara. Cabia a nós como aventureiros que éramos descobrir pouco a pouco os detalhes.

Continuamos caminhando, relaxamos um pouco e concentramos apenas no objetivo atual. Acerto os últimos detalhes com Renato, apertamos o passo avançando cada vez mais. No caminho, passamos por um jardim frutífero e aproveitamos para sentir um pouco o gosto da liberdade alcançada até o momento. Subimos nas árvores como crianças, nos balançamos, derrubamos frutas deliciosas, descemos e nos alimentamos. Enfim, nos sentimos felizes. Um tempo depois, observamos o horário e resolvemos voltar a caminhar na mesma direção de sempre.

Depois de uma longa caminhada de duas horas, finalmente chegamos ao centro do sudoeste do sítio. Sentamos no chão e esperamos um sinal. Porém, passam mais de quinze minutos e nada acontece. O que estava acontecendo? Que peça o destino estava nos pregando? Não seria possível que tínhamos tido tanto trabalho para nada.

Sem resposta, conversamos um pouco e Renato me propõe uma oração que aprendera com a guardiã, direcionado a um santo anônimo, desatador dos nós. Aceito por me parecer a única alternativa viável. A oração é a seguinte: “Queridíssimo santo desatador dos nós, eu vos peço que nos sirva de intercessor junto ao senhor dos exércitos para que ele nos mostre um caminho seguro a fim de nos mostrar o nosso destino. Prometo que serei teu ardoroso fiel hoje e sempre. Com atenção, um aventureiro. Amém.”

Depois de proferir a oração com fé, ficamos na expectativa. Cinco minutos depois, escuto uma voz interior a dizer-me: Dobres a direita e encontrarás o que precisa. Mesmo sem querer acreditar, peço para Renato esperar enquanto vou fazer xixi. Dobro a direita. Imediatamente, o mundo escurece, trevas e luz se aproximam, e meus estigmas são despertados. Sofro bastante, choro, grito, perco totalmente o controle. Enquanto isso, ocorre uma batalha rápida diante de mim entre um anjo e um demônio. Caio em terra e a única opção que tenho é torcer para que tudo terminasse bem.

Depois de um período de espera, o bem finalmente vence e o anjo se aproxima de mim. Ao chegar bem perto, fico ofuscado com sua luz e tenho que fechar os olhos. Ele encosta em mim e diz: —Toque-me. Obedeço e o contato me faz ter uma visão bem rápida: “Vejo um homem idealista e corajoso chamado Romão, habitante da Ásia menor, proprietário de terras num momento crucial de sua vida. O mesmo tinha oitenta anos,viúvo,fora casado com uma mulher maravilhosa chamada Cris durante cinquenta anos em plena comunhão e amor. Do relacionamento, tiveram cinco filhos que por ironia do destino também já eram falecidos. Há dez anos vivia sozinho, apenas acompanhados por empregados e por colonos que trabalhavam em suas terras. Mesmo com todas as perdas de sua vida, vivia feliz em sua propriedade, e não negava ajuda a ninguém. Em certo dia, realizando exames de rotina, ocorreu que descobriu que era portador de uma doença grave. Mesmo com a má notícia, não se revoltou. Começou a preparar-se para a despedida. Reuniu seus amigos mais próximos e empregados, deu uma grande festa e no final entregou a cópia de seu testamento juntamente com seu advogado. No texto, repassava todos os seus bens a cada um deles, em partes iguais. Emocionados, todos o abraçaram e ficaram muito contentes pois eram pobres e tristes pela iminente perda do amigo pois o que era dinheiro diante de anos de compreensão, apoio e cumplicidade? Aproveitaram o momento e declaram o seu amor por ele. Quando acabou a festa, todos se despediram. No outro dia, Romão foi encontrado morto, foi enterrado e hoje vive em paz, com espíritos evoluídos do céu. Fica a lição: “É necessário entendimento e discernimento para agir de forma generosa em todos os momentos da vida. Tudo é passageiro e o que realmente fica são as boas obras, pensamentos e os valores. O homem é isso.”

A visão termina. Ao abrir os olhos, observo que estou sozinho e então decido voltar .Dobro a direita, dou alguns passos e reencontro Renato. Ele me dá um grande abraço e me pergunta: —Por que a demora, estava ficando preocupado. Só foi fazer o número um mesmo? Confirmo que sim e me justifico dizendo que me distrai. O convido a voltar para casa, ele aceita e continuamos a caminhar. No caminho de volta, tento assimilar da melhor maneira o segundo dom do espírito santo e sinto uma energia boa correndo em todo o meu corpo. O que aconteceria daqui por diante? Eu estava a ponto de descobrir. Apertamos o passo, avançamos na trilha e exatamente depois do mesmo tempo chegamos ao destino, a casinha de sapê, de propriedade de nosso mestre. Sem esperar muito, adentramos nela e procuramos o mesmo. Particularmente, estava ansioso para revê-lo e contar as novidades. Continue acompanhando, leitor.

Reencontro

Já dentro da casa, avistamos Angel na parte referente ao quarto e sem cerimônias e sem demoras nos aproximamos dele. Ao chegarmos bem perto, ele nos cumprimenta, nos abraça e inicia o diálogo.

—E aí? Obtiveram sucesso novamente?

—Sim. Desenvolvemos um pouco mais o nosso potencial ao desvendar o segundo dom do espírito santo mas queremos mais. Qual o próximo passo? (Respondo)

—Queremos todos os detalhes e a forma mais adequada de agir. (Complementa Renato)

—Calma. Vocês são muito ansiosos. O próximo passo ainda está distante. Falemos do atual. O que aprenderam com a nova experiência? (O mestre)

—Eu descobri através da visão da história que é necessário muito entendimento, paciência, e coragem para se fazer as escolhas certas e que o primeiro é alcançado de diversas formas, dependo do grau de evolução do indivíduo. Como diz o ditado, a vida ensina, de uma forma de outra e o sucesso depende muito mais da experiência, da persistência e dedicação de cada um do que qualquer outra coisa. (Eu)

—Não participei diretamente da experiência do vidente, mas convivo com a guardiã da montanha há muito tempo e ele sempre me mostrou que a reflexão e a análise são sempre importantes ferramentas a serem usadas em quaisquer momentos da vida. Há duas possibilidades: Ou erramos ou acertamos. Com os erros, aprendemos e os acertos nos mostram que estamos próximos do objetivo a alcançar ou do sucesso propriamente dito. (Renato)

—Muito bem. Brilhantes conclusões. Não esperava menos de vocês que se apresentam como uma dupla dinâmica. Só não esqueçam deste velho aqui quando estiverem no sucesso. (Angel)

Lágrimas insistentes correram do rosto de Angel e a emoção também toma conta de nós. Aproximamo-nos, nos abraçamos mais uma vez e criamos um círculo de amizade, de energia ao nosso redor. Passamos um bom tempo nesta posição até nos recuperarmos. Separamo-nos e Angel se comunica novamente:

—Bem,aproveitem o restante da tarde para refletir e descansar. Eu vou cuidar do jantar. Pensem no próximo desafio, o terceiro dom que é “o conselho”.

Dito isto, Angel saiu do quarto e foi a cozinha. Eu e Renato combinamos alguns detalhes da próxima etapa e, por fim, deitamos e tiramos uma soneca. Neste momento de descanso, nada podia nos atrapalhar nem mesmo os problemas pessoais e profissionais. Até o próximo capítulo, leitores.

O jantar e a noite no Sítio Fundão

Ao acordar, verificamos o horário e já estava próximo das sete da noite. Imediatamente nos levantamos e nos dirigimos à cozinha. São apenas alguns passos a dar e ao chegar no destino encontramos Angel sentado na mesa. Ele nos cumprimenta, respira aliviado e começa a nos servir. O cardápio é sopa de galinha e aproveitamos a iguaria comendo bastante. Durante o jantar, conversamos sobre tudo e trocamos experiências.

Quando terminamos, Angel nos convida a sair, nós aceitamos e o acompanhamos. Cinco minutos depois, já fora, contemplamos o universo representado através das estrelas. Angel nos ensina sobre elas, fala sobre o nome e a sua importância. Depois, acende uma fogueira para nos esquentar no frio típico daquela região na época de inverno. Ficamos ao redor dela e aproveitamos para nos conhecer melhor.

—Sabe,Angel,eu nunca iria imaginar que estivesse aqui algum dia pois a vida sempre se mostrara ingrata para mim. Desde pequeno, enfrentei tantos obstáculos que quase pensei em desistir. Dentre eles, os mais difíceis foram a falta de preparação e o lado financeiro. Demorei muito a me desenvolver e só a partir de 2010 é que minha esperança renasceu em todos os sentidos na minha vida. (Eu)

—Entendo. Eu na minha época também enfrentei muitos desafios. Alguns gigantes. Mas não desisti e tive pelo menos momentos felizes. Mas a época hoje é melhor. Você é talentoso, carismático e deve pensar apenas no presente. Construa seu futuro agora junto com seu companheiro de aventuras Renato. (Aconselhou o ancião)

—É o que digo sempre a ele, mestre. Tudo a seu tempo. O importante é que já estamos no terceiro passo duma se Deus quiser longa carreira literária. (Renato)

—Vocês estão certos. Mas independentemente de qualquer resultado não esquecerei minhas origens e dificuldades iniciais. Negar isso não seria ético da minha parte. (Eu)

—Filho de Deus, como está sendo para você experimentar o poder dos dons, é diferente das suas experiências anteriores? (Angel)

—Muito diferente. Já enfrentei a gruta, driblei armadilhas, transformei-me no vidente, viajei no tempo, solucionei conflitos e injustiças, reuni as “forças opostas”, voltei a montanha, investiguei os pecados capitais, viajei a uma ilha, encontrei com piratas, experimentei a parte mais densa da “noite escura”, entrei no Eldorado, tive contato com um preso perigoso, dentre outras coisas.Porém,nada parecido com o desenvolvimento dos dons que me leva a cada passo que eu dou a um destino inexplicável.(Confessei)

—Concordo com ele. Antes sabíamos o que procurávamos e até onde poderíamos chegar. No entanto, agora, não paramos de encontrar surpresas a todo o momento e desconhecemos quando a visão chegará ou o seu teor.(Renato)

—Muito bem. O importante é não desanimar. Estarei com vocês e ajudarei no que for preciso relativo aos seis primeiros dons. A partir do sétimo, será uma nova etapa. (Revelou Angel)

—Tudo bem.Agradecemos de todo coração. Cada pessoa que passa por nossas vidas e que acrescenta alguma coisa de bom, eu chamo de mestre. Você é um deles, te admiro muito, espero aprender cada vez mais e seguir minha carreira. (Eu)

—Obrigado. É uma troca mútua de conhecimentos. Não é porque sou velho que não posso aprender. A sabedoria não se mede pelos anos e sim pela abertura mental ás forças celestes. Vamos juntos. (Angel)

—É assim que se fala. Somos uma equipe. (Bradou Renato)

Nós três juntamos as mãos, Angel proferiu uma oração rápida e do nosso encontro brotou uma luz pequenina mas forte e incandescente. Ela alçou voo e alcançou o espaço em poucos segundos. Ao sumir completamente, ficamos assustados mas Angel nos tranqüiliza. Ele nos disse que a luz representava a força da nossa amizade e que enquanto ela permanecesse junto a Deus, duraria para sempre. Dependia apenas de nós.

Depois da aparição, continuamos a conversar por um bom período. O tempo passa e quando já é bem tarde, Angel sugere que deitemos para levantarmos cedo e com muita garra. Aceitamos o convite, entramos de novo na casa, cada um vai dormir no seu lugar e o outro dia certamente traria mais emoções em nossas vidas de aventureiros.

O terceiro dom

Amanhece. A brisa da manhã preenche todo o ambiente e acabamos por despertar auxiliados pela claridade provocada pelos raios de sol que acariciam nossos rostos.Inicialmente,cheio de cansaço, não consigo mover-me da cama de capim em que estou. Mas esforço-me e depois de três tentativas consigo levantar-me. Em pé, aproximo-me de Renato e o estimulo a fazer o mesmo.Com a minha ajuda, ele também se levanta.Com relação a Angel, ele ainda está dormindo e resolvemos não incomodar. No instante seguinte, tomamos um pouco de água e combinamos de irmos nos lavar atrás da casa, cada um por sua vez. Ele vai primeiro e eu fico esperando. Neste ínterim, penso um pouco sobre mim mesmo. O que me levava a arriscar tanto em aventuras cada vez mais inusitadas? Certamente o principal motivo era o prazer da profissão que escolhera, numa tentativa de derrubar padrões, estereótipos e preconceitos, ou seja, transmitir uma mensagem de conhecimento, esperança e fé para um mundo atrasado e conturbado. Além disso,eu tinha um compromisso comigo mesmo e com o vidente, aquele que surgiu a partir da entrada na “gruta do desespero”. Por isto, eu estava decidido a continuar sem se importar com os riscos.

Continuo refletindo sobre isso e outros assuntos, o tempo passa um pouco e finalmente Renato retorna do banho.Cumprimentamo-nos,ele pede licença para trocar de roupa e aproveito a oportunidade para ir também lavar-me. Pego minha saboneteira e xampu, atravesso a casa em poucos passos e ao chegar na cozinha, pego um balde, saio da casa, fico na parte de trás e verifico se há ou não a presença de estranhos por perto. Por sorte, é muito cedo e por enquanto não há movimento. Encaminho-me para a cisterna, encho o balde e retorno rapidamente à parte de trás da casa. Mesmo um pouco com medo, tiro a roupa. Jogo um pouco de água no corpo, ensaboou-me,enxáguo-me e começo a me esfregar. Esforço-me para retirar as impurezas do meu corpo e o exercício me traz um relaxamento incrível apesar de algumas preocupações pessoais. Penso um pouco sobre isso. O que estava acontecendo na minha casa, com a minha família, amigos e conhecidos? Bem, seja o que fosse, acredito na torcida dos mesmos para eu evoluir e conseguir descortinar um pouco o véu do destino. Eu me esforçaria a fim de não os decepcionar.

Com esta certeza, esfrego-me mais, coloco sabonete líquido no corpo todo e enxaguo-me no corpo todo. Verifico cada detalhe e quando me convenço que estou limpo, pego a toalha, enrolo-me e retorno a casa, especificamente no quarto. Com alguns passos, chego no destino, reencontro Renato e Angel, que já está desperto. Gentilmente, os dois me cedem cinco minutos para que eu me troque e escolho uma roupa bonita: uma blusa listrada, uma calça Jeans e uma cueca vermelha representando o fogo que me consumia. Coloco também um boné, calço um par de sapatos e uns óculos escuro para dar um pouco de charme. Quando estou pronto, saio do quarto, procuro os dois e os encontro na sala vendo um álbum de fotos.

Ao chegar, também sou convidado a apreciar as fotos. Angel me mostra cada uma delas, são antigas e cada uma delas desperta um pouco a memória daquele velho sábio. Vemos fotos de sua família, conhecidos, amigos e participantes do grupo de justiceiros e até de cangaceiros, bandidos legendários do Nordeste que ficaram famosos naquela época. Cheios de curiosidade, perguntamos todos os detalhes e ele gentilmente nos explica. Ao chegar numa foto dum jovem musculoso, moreno claro, bonito e um pouco peludo, ele se emociona e diz: —Este é Vitor, meu único e verdadeiro amor. Pena que se foi tão cedo. Observo a foto do meu antepassado detalhadamente e eu tinha que concordar apesar de ser homem que o mesmo era atraente. Estava explicado a adoração de Angel por ele. Respeitamos os sentimentos de nosso mestre e não comentamos nada. Vemos algumas outras fotos e ele se recompõe. Depois de terminar de ver as fotos, Angel pede para que o ajudemos na cozinha e aproveitamos para preparar o café a fim de aliviar nossa fome.

Quando tudo está pronto, sentamos a mesa e começamos a nos alimentar. Durante a refeição, puxamos conversa com Angel a fim de obter mais informação sobre o próximo desafio.

—De que se trata exatamente o terceiro desafio, mestre e como enfrentá-lo? (Pergunto)

—Vocês deverão na direção norte ir até a árvore, símbolo do meu amor com Vítor. Enfrentarão o seu destino e tentem escutar o interior de vocês. Lembrem-se dos conselhos de seus mestres e aplique-os na situação desejada. (Angel)

—Entendi. Devemos relembrar as nossas experiências e decidir usando a sabedoria, qual conselho aplicar. Mas o senhor tem mais alguma dica para nos dar? (Renato)

—Tenho. Não se deixem levar pela ambição do poder ou pelas aparências. Elas seduzem, mas no final não trazem sucesso ou a tão almejada felicidade. Só decidam no momento certo. (Angel)

—Muito bem. E o que devemos fazer? (Eu)

—Renato irá te acompanhar, caso você precise de algum auxílio. Você entrará a fundo na história de Vitor, mas não claramente. Apenas quando completar a etapa dos seis dons é que será capaz de ter a primeira visão da história. (Explicou o anfitrião)

—Quando partiremos? (Renato)

—Depois do café. Agora, vamos aproveitar para comer tranquilos. (O mestre)

Obedecemos ao mestre e nos alimentamos em silêncio num período de dez minutos. Quando terminamos, nos despedimos do mesmo, pegamos as garrafas d’água e levamos a mochila com alguns alimentos e nos dirigimos a porta de saída da casa. Com alguns passos a mais, já estamos fora e pegamos a trilha mais próxima que nos levava a direção norte. A partir daí, começava um novo desafio que não sabíamos como terminaria ou que resultados produziria. Continuemos juntos, leitor.

O começo da nova caminhada produz uma grande ansiedade em nós, como se nunca tivéssemos participado de aventuras. Isto era algo que ocorria recorrentemente e nos fazia lembrar dos nossos primeiros passos, da aventura de forças opostas, a viagem no tempo para Mimoso, e mais recentemente todas as peripécias e buscas da noite escura da alma. A trajetória até agora era curta, mas muito rica e isso nos dava força para continuar.

Aliamo-nos a essa força e apertamos os nossos passos. Enfrentamos os obstáculos naturais do caminho incluindo espinhos, pedras e o medo de encontrar algum bicho selvagem. E avançamos cada vez mais. Em cerca de vinte minutos, ultrapassamos um terço da distância e a conquista nos faz mais feliz. Mas não por muito tempo. Logo em frente, nossa visão se perturba pois aparece dois monges vestidos com trajes pretos, cada um montado num leão e armados com espada.

Em alguns instantes eles se aproximam de nós e bradam:-Se quiserem continuar, terão que nos enfrentar e vencer. Se perderem, terão que ir embora e renunciar aos seus projetos. O que me dizem? Há ainda a opção de desistir.

Cheios de medo, eu e Renato conversamos e o convenci a deixar tudo em minhas mãos. Olhei fixamente para os monges e disse: —Tudo bem. Mas deixem meu amigo e companheiro, Renato, de fora. Ele ainda é muito jovem para se arriscar dessa maneira. Eu enfrentarei os dois.

Os monges conversaram entre si por alguns instantes e quando decidiram, voltaram-se para nós: —Aceitamos. Mas enfrentará um por vez para a luta desigual. Um de nós é o mestre Hiorishida, conhecedor das artes marciais mais perigosas. O outro, é um telepata poderoso. A batalha vai começar!

Dito isto, eles bateram com a espada no chão e um círculo de fogo nos envolveu. Renato ficou de fora,assistindo.O primeiro monge pulou dentro do círculo e ao fazer isso, pensei:-Estou frito. Como enfrentar alguém mestre em artes marciais? Por enquanto, não tenho nenhuma estratégia em mente. Iria esperar que o adversário tomasse a iniciativa. Sem querer, lembro do combate com o ninja na gruta e uma luz no fim do túnel se acende para mim.

O adversário se aproxima,me cumprimenta e se afasta um pouco. Fica em posição de ataque. No momento, apenas observo seus movimentos a fim de estudá-lo. Em alguns instantes, a luta começa. Usando suas artes marciais, ele começa a marcar golpes poderosos e a executá-los. Alguns eu defendo e outros eu sofro pois ele é muito rápido. Quando penso em contragolpear,ele não tem dificuldade na defesa. Sem saída,eu continuo senso maltratado pelo adversário. Num dado momento, caio de cansaço pela primeira vez. Gentilmente, o primeiro monge se afasta e espera me levantar para reiniciar a luta. Aproveito o intervalo, e mentalizo a transformação da gruta e deixo o vidente solto para agir. Agora, eu estava mais preparado. Ele enfrentaria agora um ser superdotado de dons, capaz de transcender o tempo, a distância e entender os corações mais confusos.

No instante seguinte, levanto e chamo o adversário para batalha. Ele aproxima-se furioso, deixo ele me atacar e já conhecendo seus pontos fracos contra golpeio com força. O meu golpe o balança apesar dele ser bastante forte e experiente. Ele fica impressionado. Mas não o faz desistir. Ele se afasta um pouco, fica em posição de batalha e ataca outra vez. Como ele estava usando outra técnica, consegue me ferir e me derrubar pela segunda vez. Gentilmente, ele se afasta novamente. Reflito um pouco e digo para mim mesmo: —Cara chato e muito forte. Eu sei como te pegar! Pego escondido um pouco de areia na minha mão, levanto-me e parto para um novo ataque.

Ao chegar bem perto do seu rosto, lanço meu veneno e o mesmo cai em terra. Aproveito seu momento de fraqueza e o atinjo em vários pontos vitais. Em questão de segundos, o mesmo pede clemência e a luta é dada por terminada. Ele se retira, descanso um pouco e a próxima luta com o telepata estava por iniciar. Teria sucesso novamente? Continue acompanhando, leitor.

O segundo monge entra no círculo de fogo e se coloca em posição de batalha. Em questão de segundos, o mesmo profere orações ininteligíveis e imediatamente sinto um baque muito grande que provoca em mim uma dormência. Aos poucos, vou perdendo os sentidos e quando estou quase dormindo sinto meu espírito desprender-se do corpo material de um solavanco só. Imediatamente, me vejo fora do corpo, sinto o gosto da liberdade que isto me provoca e ao observar também vejo meu adversário em espírito frente a mim.

Rapidamente, o monge se concentra e cria armas espirituais com o objetivo de me atacar. Com isto, sou obrigado a também me proteger usando meus poderes de vidente. Quando estamos prontos, finalmente a luta começa. Com muita rapidez e experiência, sou atacado de diversas formas e inicialmente só penso em me defender e me esquivar dos ataques. Na maioria das vezes, consigo alcançar o objetivo, mas meu adversário é tão hábil que vez ou outra me atinge. Numa dessas, ele me atinge em cheio o que provoca minha primeira queda. Aproveito este momento rápido para refletir e realinhar minha estratégia. Iria atacar também mesmo que isso fosse bastante arriscado.

Na minha primeira tentativa, não tenho êxito, sou ferido novamente mas não desisto. Continuo tentando até que o atinjo. Ele parece se assustar mas logo se recupera mas volta a atacar novamente, agora com mais força e rapidez. Tento responder à altura e o combate fica cada vez mais interessante. A cada embate de nossas espadas,o mundo parece tremer e querer se destruir como na guerra entre anjos. É aí que tenho uma ideia. Provoco um encontro frontal entre as armas, o que resulta em sua destruição. Pronto. Tudo estava salvo. O mundo não acabaria nem Deus teria que atear fogo ao universo para evitar uma catástrofe maior.

O meu adversário não gosta de minha atitude, se concentra novamente e me atinge em cheio com seus poderes mentais. Caio de joelhos, muito confuso e tonto. Na minha mente atormentada, passam canarinhos, ovelhas, cavalos, e visões distorcidas de luz, trevas provocando em mim novamente um encontro das “forças opostas” e o despertar da minha poderosa, perigosa e tenebrosa “Noite escura da alma”. Fico um momento estático sem reação até que a luz se aproxima e escuto uma voz fininha me chamando de longe. Concentro-me na voz e em alguns instantes reconheço a guardiã, minha primeira mestra espiritual e sigo ao pé da letra suas orientações interiores. Isto me faz recobrar os sentidos, fico mais tranquilo e enfim consigo me levantar.