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José, O Grande Servo
José, O Grande Servo
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José, O Grande Servo


AS ABELHAS

Em outra ocasião, quando tinha dez anos, foi um dia até a montanha perto da sua casa e encontrou um favo de mel e disse para si mesmo que gostaria de comer este favo de mel, mas assim que me aproximasse, elas iriam picá-lo. O que ele tinha de fazer era deixar que picassem outra pessoa e quando se cansassem, ele iria e comeria o mel.

E enquanto pensava assim, passou por ali um homem e José disse:

- Sou o príncipe. Você quer pegar este favo de mel para mim?

- Como você é mais importante, você vai primeiro e assim você o pega e eu aprendo – respondeu o homem e foi embora rindo.

O menino, ao ver que o ardil não deu resultado, pensou que se com os homens não conseguiria comer o mel, se sairia melhor com os animais.

E pensando nisso viu ali perto um pastor que tinha ovelhas e aproximando-se dele, disse:

- Você me empresta uma que daqui a pouco eu a devolvo?

O pastor, vendo que era uma criança, pensou que ela nada poderia fazer com o animal e como conhecia José, respondeu:

- Leve-a, mas você tem de devolvê-la como ela está e se não for assim, vai ter de pagar por ela.

José concordou e levou o animal. Ele o colocou debaixo do favo de mel e de longe, atirou pedras até conseguir que caísse e o favo caiu ao lado da ovelha.

A ovelha vendo tantas abelhas vindo na sua direção, começou a correr e atrás dela foram todas as abelhas que podiam voar. O animal correu na direção do rebanho e levou o enxame inteiro atrás dele.

Enquanto isso, José pegava o favo de mel com um pau e escondia em uma árvore que havia caído, de tal maneira que não fosse visto. E ao terminar de fazer isso, o pastor chegou correndo, irritado e com vontade de bater no menino, mas ao ver que nada estava acontecendo com ele, parou de repente e perguntou:

- Senhor, como que a ovelha chegou cheia de abelhas e todos nós fomos picados?

- Conto a verdade? Estava longe dela quando começou a correr e atrás dela ia um punhado de abelhas. Depois eu a perdi de vista e estava preocupado pois temia que tivesse se extraviado, mas vejo que você recuperou o que é seu. E agora me diga, bom homem, o que aconteceu? - o menino perguntou.

Mas o homem que estava cheio de picadas, disse:

- Senhor, deixo isso para outro dia pois tenho de recolher o rebanho que se espalhou – e foi embora gritando pelo que havia acontecido.

É claro que se fosse descoberto que o menino era o culpado, ele não se salvaria de uma boa surra nem por ser príncipe.

José, vendo que o pastor tinha ido embora, aproximou-se do favo de mel que ainda tinha algumas abelhas e disse:

- Se eu pego, as poucas que sobraram me picarão. Terei de levá-lo para longe e tirar o mel com fumaça.

Pois havia visto em outras ocasiões como se fazia. E pegando uma vara comprida, espetou o favo em uma extremidade e pela outra ele o carregou no ombro e por estar longe, as abelhas não lhe picaram.

Chegou à casa onde morava e chamou sua mãe. E ao ver o favo de mel ela se assustou e perguntou:

- Como você pegou isso?

- Mãe, quando estava vindo para casa, com esta vara atravessei o favo e colocando-a no ombro vim para cá com o favo para poder comer o mel saboroso e além disso, as abelhas que haviam nele foram embora e não sei mais nada sobre elas – respondeu o menino.

Todos comentaram sobre o que havia acontecido como algo extraordinário e tudo estava bem até que alguns dias depois o pastor apareceu por ali reclamando e contou o que o menino havia feito. Isso causou uma grande risada em todos, menos no pastor que queria bater no menino pela desfeita pois ainda tinha as picadas das abelhas no rosto e nas mãos, mas como a mãe o protegeu, nada aconteceu com José.

CONHECE MARIA

Agora vou contar o que aconteceu em outra ocasião. Ele tinha então a idade de treze anos.

Estava um dia no pátio da casa e chegou uma carroça com uma família e com ela vinha uma garota. E ao vê-la José se apaixonou loucamente por ela porque a menina era muito bonita.

Sem saber como falar com ela, José se aproximou da carroça e perguntou se eles vendiam algo. A garota, que também havia ficado chocada ao ver o jovem, ficou corada e nada disse. E ao ver isso, ele cresceu diante dela e ficando muito empertigado, disse, - Jovem! – e fazia gestos de homem da alta sociedade e se pavoneava de tal maneira que os olhos da jovem arregalaram ao ver um garoto tão bonito lhe dirigindo a palavra.

E ela, ao querer responder, ficou mais atordoada e ele voltou a se aproximar dizendo:

- Que bonita! – e tinha apenas treze anos.

E naquele momento saiu detrás da carroça um velho que não ouvia bem e perguntou:

- Você disse alguma coisa?

E José levou um susto tão grande e ficou tão sem graça que agora era a jovem quem estava rindo e José envergonhado, retirou-se.

De longe ele continuava olhando para a jovem e ela, ao perceber, e sendo mais determinada que o menino se aproximou de onde ele estava meio escondido e disse:

- Você gosta de mim?

E ele ficou vermelho como um tomate e se inclinou para trás e ela riu muito. E a risada da menina o animou e ele respondeu:

- Sim, gosto! Mas me diga o que você veio fazer aqui?

- Olhe – a menina respondeu – estamos de passagem e trazemos coisas da cidade que nos encarregaram de entregar. Mas eu não como ninguém e não quero que você tenha medo de mim- e estendeu a mão para ele.

O menino mais envergonhado do que qualquer outra coisa a aceitou. E quando sentiu a mão da menina entre as suas, ele sentiu dentro de si um calor enorme que invadiu seu corpo, mas pensou que tinha de ser homem e disse:

- Você quer que eu te mostre a casa enquanto espera pelos seus pais?

E a garota gosto disso. De mãos dadas, ele mostrou a casa, o pátio e os campos próximos e nenhum dos dois fez nada para separar as mãos. Ele a levou até a cozinha e deram de comer aos dois. De repente eles a chamaram e ele descobriu que ela se chamava Maria. Este não era um nome comum. E a garota foi embora correndo.

José ficou pensando em uma maneira de conseguir saber onde e quando voltaria a vê-la. E olhe que demorou muito tempo para fazê-lo, mas quando o fez, ainda tinha imagem daquela garota, seus olhos e sua risada, gravados em seu coração de menino.

VÊ O CAJADO PELA PRIMEIRA VEZ

Quando aconteceu o que vou contar, ele já tinha dezesseis anos. Com esta idade saía com seu pai para caçar e assim lhe ensinava o manejo das armas que existiam naquela época. Ele sabia atirar bem com a funda e também com o arco, além disso usava um pouco o chicote e a espada e principalmente era um especialista em receber surras quando se tratava de aprender a se defender com o cajado. Ele recebia tantas surras, que seu pai dizia que quando o mandava treinar com o cajado, ele já começava a reclamar. Mas também era uma das armas que mais se usava naquela época.

Um dia, enquanto caçava e levando o arco com ele, pareceu-lhe ver um coelho. Ele pegou o arco, mirou e quando a flecha saía, mal teve tempo de desviá-la pois viu que era seu próprio pai que estava dormindo atrás de um matagal.

O pai nem ficou sabendo pois não foi atingido, mas ele passou tanto medo naquele momento que desde então, quando saia para caçar, queria ter todo mundo atrás dele e os companheiros protestavam e diziam:

- Claro, assim você pode caçar bem! Se você vai primeiro, sempre consegue mais caça do que qualquer outro.

Mas voltando ao relato, quando seu pai acordou, encontrou seu filho muito nervoso e ainda por cima ele estava lhe dando uma bronca tremenda e o pai não sabia o porquê, enquanto José dizia:

- Homem, como você pode pensar em dormir ao abrigo de um arbusto? Não vê que qualquer um que passar por aqui poderia confundi-lo com um coelho e tê-lo matado ou machucado?