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A Estrutura Da Oração
A Estrutura Da Oração
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A Estrutura Da Oração

A Estrutura Da Ora??o
Maenza Diego

”O Cristianismo, desde um sacerdote e uma freira, duas histоrias unidas por um segredo, pelo sofrimento de n?o reconhecerem os seus ”pecados”, por se negarem a uma realidade actual, cada vez mais forte, cada vez mais vulnerаveis na aceita??o das suas escolhas erradas. Os personagens s?o apenas figuras que foram colocadas na trama para aprofundar uma mensagem constante e perturbadora: hа sempre alguеm acima de nоs; alguеm que nos pune com ideias condicionadas ao seu prоprio benef?cio.” ALEXIS CUZME, escritor. ”A Estrutura da Ora??o” decorre num contexto de religi?o e sabedoria, que a propоsito da cеlebre pintura ”O Jardim dos Prazeres”, de Hieronymus Bosch, o protagonista - que е um sacerdote - reinterpreta o seu prоprio comportamento e o dos outros seres humanos, desde o in?cio ao fim dos tempos.” VERОNICA FALCON?, escritora. Um sacerdote atormentado pelos seus instintos. Uma luta sem sentido contra o demоnio ou uma prova dos Cеus? Uma freira grаvida. Uma transgress?o ?s regras ou um milagre em tempos de cepticismo? Um conjunto de personagens magn?ficas que defendem as bases da doutrina, e outros, das exist?ncias miserаveis, cujas vidas questionam os fundamentos que sustentam a Teologia. Narrada a partir de vаrios pontos de vista e abordada segundo a ousadia formal e temаtica, ”A Estrutura da Ora??o” estа imersa em dramas densos onde a degrada??o espiritual de cada um dos protagonistas encurtarа o lugar para a salva??o, que sо alguns alcan?ar?o. As virtudes teologais e os mistеrios da fе unem-se para dar origem ? extensa Via-Sacra que se desloca ao longo destas pаginas atravеs dos sete pecados capitais, representados em forma de bestiаrio, onde cada demоnio actua como um s?mbolo excessivo: Asmodeu, a lux?ria; Belfegor, a pregui?a; Belzebu, a gula; Amom, a ira; Leviat?, a vingan?a; Mammon, a gan?ncia; e L?cifer, o orgulho. Apesar da crueldade das suas linhas, este romance е um livro espiritual.

A ESTRUTURA DA ORA??O

DIEGO MAENZA

Traduzido por Susana Franco

www.traduzionelibri.it

www.diegomaenza.com

© Diego Maenza, 2018

© Traduzido do espanhol por Susana Franco, 2020

© Tektime, 2020

www.traduzionelibri.it

www.diegomaenza.com

CONTE?DO

PRIMEIRA PARTE

DOMINGO

SEGUNDA-FEIRA

TER?A E QUARTA-FEIRA

QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA

SАBADO

DOMINGO

SEGUNDA PARTE

SEMANA 1

SEMANA 2

SEMANA 3

SEMANA 4

TERCEIRA PARTE

JANEIRO

FEVEREIRO

MAR?O

ABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

PRIMEIRA PARTE

EM NOME DO PAI

DOMINGO

Luz e escurid?o

Pater noster, qui es in caelis…

“A escurid?o е a cegueira dos pensamentos, o rugido do sil?ncio. Е como uma praga que se transforma em tonturas, car?ncia, calafrios e numa amargura que se alimenta do choro. Е uma condena??o dos medos do passado, uma inseguran?a para as calamidades do futuro, е como um borr?o que intensifica os sentidos. Isto е a escurid?o. E de repente, meus filhos, eis que podem contemplar o mundo”. Saio da vig?lia como se tivesse sido expelido do abismo do ?tero. Sinto-me renascido, apesar de ter consci?ncia dos meus erros. Sinto o meu mau hаlito matinal no bigode, impregnado no tecido da almofada ou simplesmente integrado no ar do quarto. Entretanto, o mundo permanece ali. Sento-me e o reflexo que emerge da janela cega-me e obriga-me a tapar o rosto. Acordei apоs um pesadelo em que a minha alma jа tinha suportado mais do que deveria. Fico a observar, quase que assombrado, como se fosse a primeira vez, a secura das paredes do quarto, a tristeza nas suas rachaduras, as fotos a preto e branco a fazer contraste com os quadros coloridos onde estavam apoiadas, a pintura de um mundo fechado numa bolha de cristal, que bem poderia ser para prote??o contra algum perigo externo para que n?o danifique, novamente, a superf?cie ou para que possa permanecer como conten??o, para que os males que est?o incrustados nesta Terra devastada n?o germinem e para que nenhuma Pandora curiosa volte a destapar os seus podres. Lа ao fundo, atrаs do mundo, observo uma vez mais a imagem de Deus. Fechando os olhos, come?o a orar. “Pai amado, livra-me de todo o pecado, porque е Teu o reino dos cеus e da Terra e as Tuas inten??es s?o puras e inquestionаveis, purifica a minha alma, para que eu seja afastado da tenta??o e aben?oa o meu dia”.

Sento-me e pressinto a amargura do vinho instaurada nas minhas entranhas, em alguma parte dos meus tecidos. Deslizo rumo ao lavatоrio, onde o espelho reflete as remelas que mancham os meus olhos e que afasto com as pontas dos dedos, fazendo com que aquele processo desperte algum arrepio em mim. Lavo o rosto com аgua e sab?o. Com a pasta de dentes, lavo a boca, que ainda emite o hаlito matinal ao qual estou habituado. Defeco com prazer e noto os salpicos acumulados na parte da frente da minha roupa interior, denunciando a viscosidade de uma subst?ncia de brilho raro, matinal e quase quotidiana. Oh, Senhor, que lindos, mas, ao mesmo tempo, cruеis, s?o os sonhos. Os sonhos s?o o ?nico lugar onde posso ser eu mesmo.

*

O jornal traz sempre as mesmas not?cias. Mas hа um t?tulo na pаgina central que lhe chama ? aten??o sobre as ?ltimas declara??es do Santo Padre. Ele l? o seu conte?do, impresso em letras miudinhas, e examina a foto colorida que foi publicada junto com a not?cia. Coberto por uma capa e surgindo, como е tradi??o, ? varanda principal da Bas?lica do Santo, anunciou a vеspera da Semana Santa. O Padre Misael, podemos dizer desde jа o seu nome, reza e prepara-se para a missa.

*

N?o consigo afastar aquela imagem. Estа na minha cabe?a e n?o consigo esquec?-la. Sofro tanto diante do altar quando me lembro disso. Como suporto aquele tormento na hora de dizer as ?ltimas orienta??es de cada missa, que os paroquianos recebem como se fossem palavras novas. Resisto tanto segundos antes do corpo e o sangue de Deus me purificarem. E tudo isso por causa daquela imagem. Estа presa a mim, dominando-me, е uma maldi??o do Inferno que toma conta do meu esp?rito e sо posso recorrer ? prote??o de Deus Todo-Poderoso para que ilumine o meu caminho.