— Ela só queria uma foto. Está tudo bem. Relaxe — e fiz sinal para ele se sentar novamente.
Ele ficou mais calmo, mas se manteve atento durante as duas horas a mais que permanecemos lá. Depois de saborear um delicioso Cronut, que é o resultado da massa folheada do Croissant com a cobertura crocante mais o glacê do Donut, comentei que queria retornar ao hotel, sugerindo que ele me levasse até lá. Aidan, prontamente, chamou o garçom, pagou a conta em dinheiro, deixando o troco como gorjeta generosa para ele e escoltou-me, enquanto eu caminhava para a saída do The Palm, apreciando a decoração do ambiente com aqueles diversos rostos de pessoas estampados em suas paredes. Ele parecia aliviado de estar saindo dali. Tive a certeza disso ao ouvir de sua própria boca já do lado de fora do restaurante:
— Que bom que não aconteceu nada. Importa-se se eu fumar um cigarro antes de pegarmos um táxi? — perguntou, respirando relaxadamente, tentando sorrir.
— Tenho cigarro aqui. Por que estava preocupado? — questionei.
— Não sei. Tive medo de alguém ser grosseiro com você — e acendeu o cigarro que lhe dei, tragando demoradamente.
Ele é tão masculino ao fumar. Pensei. Enquanto eu acendia meu cigarro, percebi seis ou sete pessoas correrem ao nosso encontro com seus celulares apontados para nós. Eram repórteres de tabloides que, grosseiramente, falavam ao mesmo tempo, fazendo-me perguntas. Não conseguia entender o que diziam e fiquei assustado com toda aquela algazarra. Aidan se aproximou para evitar que eles encostassem em mim, gritando para saírem dali. Foi inútil. Eles falavam sobre o livro, Marcus e Arthur, o sequestro, Pablo e as prisões. Em um momento, percebendo que não conseguiríamos fazê-los parar, puxei a mão de Aidan, a fim de retornarmos para dentro do restaurante. A confusão de pessoas e o nervosismo me fizeram tropeçar. Desequilibrei-me e caí sobre meu braço direito. Rapidamente, Aidan levantou-me e ajudou-me a entrar no restaurante. Os seguranças do The Palm foram ao nosso encontro e fecharam a porta, impedindo que os repórteres nos incomodassem novamente. As pessoas que estavam nas mesas viram o que aconteceu e começaram a se agitar, olhando para nós e cochichando entre si. O gerente foi até onde estávamos e ajudou-nos:
— Senhor Barrys, vamos sair daqui. Vou pedir para alguém levá-los para casa. Sairão pelos fundos do restaurante. Será mais seguro.
No hotel, enquanto abria a porta da minha suíte, agradeci Aidan pela companhia e desejei-lhe boa-noite. Enquanto fechava a porta, ele a pressionou com a mão e pediu:
— Espere.
Em um movimento rápido, escondeu as mãos nos bolsos da calça e fitou-me com aqueles olhos agitados. Era impossível não perceber o movimento que fazia com o pé direito, batendo o sapato apressadamente no chão, com certeza, com a ponta dos dedos. Apoiava-se em uma perna, depois na outra, mexendo seu quadril e tórax para a esquerda e direita, em um movimento quase imperceptível a quem não observasse. Sua boca ensaiava dizer algo, mas o silêncio permanecia entre nós. Vendo-o angustiado e desorientado, compadeci-me dele e comentei, enquanto encostava meu rosto na lateral da porta:
— Você esteve ótimo hoje à noite. Diverti-me muito — e pisquei os olhos, fazendo charme para ele.
Funcionou. Em uma fração de segundos, vi seu semblante relaxar, e ele aquietar seu corpo. Seus olhos intercalavam entre minha pupila e lábios. Era evidente que ele queria me beijar. Depois de engolir em seco, falou:
— Não vai me convidar para entrar? — e inspirou fundo, como se tivesse precisado de muita coragem para ter perguntado.
— Aidan, acho melhor irmos devagar. Sabe de tudo que passei. Não quero apressar as coisas. Por que não saímos na próxima semana e almoçamos?
— Na próxima semana? — perguntou ele, franzindo a testa, quase elevando o tom de voz, considerando a distância entre um encontro e outro como uma eternidade.
— Se estiver ocupado, podemos nos ver em duas semanas — respondi, fazendo-me de desentendido.
— Quero almoçar com você amanhã, Gaius! — comentou, em tom de súplica.
Sabia que diria isso. Ele está mais ansioso que nunca. Isso é ótimo. Pensei. Arqueei as sobrancelhas e abri a boca, dando a entender que estava surpreso com o que ouvi.
— Aidan, tenho algumas coisas já marcadas. Estou organizando minha vida... Não tenho nem local certo para morar.
— Posso ajudá-lo com tudo isso. Contrato pessoas para fazer o que precisar. Por favor, deixe-me ajudá-lo — e moveu levemente a cabeça para a esquerda, depois de franzir a testa, como um cão que abana seu rabo ao pedir comida a seu dono.
Sorri para ele, dei alguns passos em sua direção e levei minha mão esquerda em seu rosto, acarinhando-o suavemente. Nisso, beijei o outro lado de sua face demoradamente, bem próximo à boca, e deslizei minha mão direita em sua cintura ao mesmo tempo. Aidan pressionou sua mão direita sobre a minha esquerda, enquanto se deliciava com aquele beijo casto e solene. Afastando-me dele, comentei baixinho:
— Prometo que vou marcar um encontro nos próximos dias — e fui dando as costas para ele, que segurava minha mão na tentativa de prolongar aquele momento.
— Por favor, almoce comigo amanhã — e apertou a ponta dos meus dedos, enquanto eu caminhava para dentro da suíte.
— Boa noite, Aidan! — respondi, soltando a mão dele.
— Por favor, deixe-me entrar — e respirou fundo.
— Boa noite, Aidan! — respondi novamente, fechando a porta devagar, mirando bem em seus olhos brilhantes, que não escondiam o seu tesão.
Preciso de um banho. Pensei, tentando acalmar meu corpo, que, naquele momento, tinha resistido a um dos homens mais belos que meus olhos já viram. Livrei-me das roupas leves que escolhi para jantar com Aidan e, em segundos, estava nu, caminhando para o banheiro. Abri o chuveiro e deixei que a água esfriasse meu corpo cheio de desejo. Não resisti e masturbei-me, esporrando abundantemente. Durante a madrugada, acordei várias vezes com a boca seca e uma inquietação que insistia em não passar. Meu sono era leve, e minha mente não pensava em outra coisa a não ser sexo. Aquilo perturbava meus pensamentos. Depois de vários cigarros, algumas taças de vinho e de trocar de posição na cama várias vezes, duelando com os lençóis e travesseiros, consegui adormecer novamente.
As imagens não eram nítidas. Recobrava a consciência devagar e sentia-me zonzo, quando inclinei meu corpo na cama para ver o que estava acontecendo. Depois de coçar os olhos, vi Rosa e Aidan entrando na minha suíte. Rosa dizia a ele para não entrar, pois eu estava dormindo e não gostava que me acordassem, enquanto Aidan a ignorava e caminhava em direção à minha cama, carregando em sua mão um pequeno buquê de flores.
— Algum problema, Rosa? — perguntei, tentando entender aquele tumulto.
— Este senhor invadiu o quarto dizendo que é seu amigo. Entrou assim que abri a porta...
— Desculpe se o acordei. Estava aqui por perto e resolvi ver se precisava de alguma coisa — falou Aidan, interrompendo Rosa.
Nisso, ele apoiou um joelho sobre meu colchão, beijou meu rosto e continuou, alegremente:
— Bom dia! Trouxe para você! — e estendeu as flores cônicas do Tennessee diante de mim.
Eram lilases e lindas. Recebi e agradeci-lhe, ao mesmo tempo em que descobri meu corpo das cobertas e levantei-me da cama. Caminhei até Rosa, pedi que ela pusesse as flores em um jarro com água e, também, que nos deixassem sozinhos, pois precisava conversar com Aidan.
— Quer o seu café aqui ou vai tomar no bar? — perguntou, injuriada por não ter conseguido impedir a entrada dele em minha suíte.
— Vou tomar aqui, mas só peça para daqui a uma hora — respondi.
Ela encarou meus olhos, como se quisesse me dizer algo.
— O que foi, Rosa? — perguntei, quase sussurrando.
— Você está só de cueca — falou baixinho, meio envergonhada.
— Se for por causa dele, não se preocupe. Ele já me viu pelado — e dei um sorrisinho safado para ela.
Rosa se indignou com meu comentário, torceu os lábios e deu as costas para mim, saindo do quarto, imediatamente, com certeza, desaprovando o que ouviu. Ao olhar para minha cama, vi Aidan, que ao encontrar meus olhos, logo ficou em pé e deixou transparecer um semblante preocupado, como se esperasse receber uma bronca por ter me acordado. Ele vestia uma camiseta bege, que prendia um par de óculos escuros esportivos, uma bermuda marfim e um par de tênis branco. Estava provocante e sexy, bem como sugere o verão. E nós dois estávamos sozinhos em meu quarto. Aproximei-me dele com cara de zangado, sugerindo com o olhar que brigaria. Como criança levada que foi pega pelos pais, ele esperava por isso. Parei, com meu corpo quase colado no dele, e encarei seus olhos assustados, ainda com os lábios serrados. Nisso, ele tentou se explicar:
— Desculpe acordar você. É que...
— Cale a boca, Aidan! — e joguei minha mão no meio das pernas dele, apertando suas bolas.
Ele arfou no mesmo instante, e petrificou seu olhar surpreso em mim.
— Você sabia que eu detesto que me acordem? — e apertei mais um pouco.
Ele fez cara de dor e respondeu, espremendo-se para que a voz saísse:
— Não sabia. Por favor, desculpe.
— Da próxima vez que me acordar, juro que arranco seu pau fora. Entendido? — e dei um último apertão.
— Entendi. Por favor, não aperte mais. Está doendo muito — suplicou, quase com cara de choro.
Nisso, afrouxei a mão e comecei a deslizá-la sobre a bermuda, para cima e para baixo, transfigurando meu olhar e rosto sérios naquilo que sentia: tesão. E comentei:
— Normalmente, pela manhã, acordo com muito tesão.
— É mesmo? — perguntou ele, assumindo uma cara de safado.
— Ponha para fora. Quero chupar seu pau.
O rosto de dor de Aidan transfigurou-se em desejo instantaneamente.
— Oh, meu Deus! Assim, tão rápido? — perguntou, tentando assimilar o que ouviu.
— Quero lamber seu pau — e selei minha boca na sua, invadindo-a suavemente, pressionando meu corpo quase nu contra o dele.
Aidan não resistiu e respondeu, de forma carinhosa, ao meu beijo. Suas mãos passeavam pelo meu corpo ao mesmo tempo em que eu sentia seu membro crescer contra a bermuda, toda vez que ele puxava meus quadris contra os dele. Ele está de pau duro. Pensei. Em um movimento suave, larguei a boca dele e ajoelhei-me. Com cuidado, abri sua bermuda e a baixei com a cueca branca até a metade de suas coxas. Comecei a cheirar suas bolas e virilhas. Elas exalavam um aroma de limpeza. Seu membro estava ereto, e a glande melada. Que delícia! Pensei. Olhava para ele, que mantinha seu olhar de luxúria sobre mim. Nisso, vi-o flexionar os joelhos e segurar seu membro, posicionando-o suavemente em minha boca, enquanto pedia carinhosamente:
— Você quer chupar? Chupe, meu amor. Abra sua boquinha e chupe a cabeça do meu pau — e enfiou bem devagar, sugerindo que eu começasse pela glande.
Depois que abocanhei e molhei seu membro, enquanto o ouvia gemer e retorcer o pescoço para trás, levei minha mão às suas bolas, acarinhando-as com as unhas. Comecei a fazer movimentos de vaivém com a boca, molhando o pênis dele inteiro, regozijando-me com aquele gosto divino. Os gemidos de Aidan foram aumentando. Repentinamente, senti um jato em minha boca. Abri os olhos, de supetão. Depois mais um jato, e vários outros em seguida. Ele já está gozando? Não acredito! Pensei e arregalei os olhos, tentando não acreditar que ele já havia chegado ao orgasmo tão rápido. Percebendo que minha boca estava inundada do líquido dele, engoli e fui diminuindo os movimentos, até que parei por completo ao sentir seu membro ficar flácido. A ira me possuiu. Levantei, consternado, e dei as costas para ele, buscando um cigarro. Ficamos alguns instantes em silêncio. Então, ele falou:
— Desculpe. Não consegui me controlar — enquanto subia a cueca e a bermuda visivelmente envergonhado.
— Em menos de cindo minutos, Aidan? — perguntei e dei um trago.
— Desculpe, meu amor. Você me pegou de surpresa. Eu não esperava... E a sua boca é muito morninha. Aí, eu não aguentei.
— Egoísmo da sua parte. Não pensou que, talvez, eu quisesse que você me comesse não? — inqueri, irritado e elevando o tom de voz.
— Por favor, desculpe-me. Prometo que não vai acontecer. Vamos tomar um banho. Daqui a pouco nós começamos de novo.
— Não quero mais — respondi, chateado.
— Não fique bravo. Não fiz porque quis...
— Tudo bem, Aidan. É melhor você ir. Daqui a pouco Alyce chega, e nós temos muito o que fazer — sugeri, interrompendo-o.
— Podemos, ao menos, jantar mais tarde? — e foi se aproximando, tentando me beijar.
— Vou pensar. Se der certo, ligo para você — e desviei do seu beijo, levando-o até a porta.
— Você ficou chateado. Por favor, perdoe-me. Não fique bravo comigo... — dizia repetidamente, enquanto eu o empurrava para fora da suíte, batendo a porta com força quase na cara dele.
Que inferno! Pensei e procurei uma das taças espalhadas pelos móveis do quarto para beber vinho e terminar meu cigarro. Depois de dar um gole, ouvi a porta bater novamente. Não acredito que ele não foi embora! E caminhei apressado para esbravejar contra ele. Abrindo a porta violentamente, vi Alyce, segurando pastas e agendas em seus braços, como uma adolescente que carrega livros para o colégio. Soltei o ar dos meus pulmões demoradamente, tentando me acalmar. Dei as costas para ela, que logo foi entrando.
— Bom dia!
— O meu começou péssimo — respondi, deixando claro que estava de mau humor.
— Lamento. Posso fazer alguma coisa para ajudar? — perguntou, prestativa.
— Pode, sim. Na minha bolsa, tem cartão de crédito. Se necessário, tem dinheiro também. Por favor, entre em contato com Alexander e solicite um cartão de crédito para que você possa usar em minhas despesas pessoais. Ele controlará os gastos. E contrate um garoto de programa para estar aqui em três horas — ordenei, ainda irritado, e dei o último trago no cigarro.
— Oh, meu Deus! Como vou conseguir alguém em tão pouco tempo, Gaius? — perguntou ela, meio angustiada.
— Sei que é capaz — e caminhei até o banheiro.
Enquanto baixava minha cueca melada, ouvi Alyce perguntar:
— Alguma preferência?
Pelado, fui até a porta do banheiro, encarei seus olhos apreensivos e respondi:
— Um loiro, alto, forte e sem pelos. De preferência, bem-dotado. Tomarei café no bar, depois verei Juanita e Arthur, e resolverei algumas coisas com Rosa. Avise à recepção que preciso de uma esteticista para depilação. Diga que quero para daqui a uma hora e meia. Quando o garoto chegar, você pode trabalhar na suíte de Rosa. Concentre-se na contratação de um relações públicas. Dê prioridade a isso. E outra coisa, Alyce. Certifique-se de que o rapaz seja loiro e, de jeito nenhum, que tenha cabelos pretos e a pele queimada. Quero um loiro! Vou me vingar do que Aidan fez comigo hoje! — e fechei a porta, tentando não rir ao me lembrar da cara de espanto e o abrir de boca de Alyce, enquanto eu falava.
Banho, café da manhã, conversar com Juanita e Arthur, depilação... Que disciplinado você está, Gaius! O que a certeza de uma boa foda no início da tarde não faz com você, não é? Pensei, entusiasmado, entrando debaixo do chuveiro. Horas depois, abri a porta da minha suíte e vi um rapaz loiro, enrolado em uma toalha, fumando um cigarro na varanda. Percebendo que eu entrava, encarou meus olhos, mantendo seu rosto impassível. Em silêncio, caminhei até ele, que continuava me examinando com aqueles olhos apertados, enquanto o vento balançava seus cabelos molhados. Próximo do meu corpo, perguntou, deixando escapar a fumaça por sua boca e nariz:
— O que você quer?
— Que você meta no meu cu com força e goze na minha cara. E se prepare, pois não sairá daqui tão cedo — respondi.
No outro dia, Alexander e Alyce me esperavam em minha suíte às 17h para uma reunião. Juanita, Arthur, Rosa e eu tínhamos saído no início da tarde para almoçar e comprar alguns livros de psicanálise para mim, visto que já pesquisava respostas sobre a minha vida há muito tempo. Naquele momento, a leitura se apresentava como um refúgio para a espera dolorosa que vivia. Fazia questão de incentivar as duas a ler também. Rosa não se interessava pela prática, Juanita demonstrava entusiasmo ao me contar o que tinha aprendido após ler cada livro, e Arthur já era acostumado a ler desde criança, o que não exigia, de mim, nenhuma motivação, mas estava muito focado em assistir a vídeos pela internet, o que o dispersava da leitura. As aulas diárias de inglês estavam funcionando para elas, pois já compreendiam bem o que escutavam e até conseguiam formular algumas frases corretamente. Por isso, incentivava a leitura. De fato, James fazia um excelente trabalho. De volta ao hotel, depois de me despedir deles, tranquei a porta e joguei as sacolas sobre a cama. Na mesa, havia dois mackbooks ligados e três celulares quase se perdiam no meio de tantas agendas e papéis soltos. Alyce e Alexander trabalhavam a todo vapor.
— Oi! — saudei-os e, logo, procurei uma taça para dar um gole no vinho.
— Temos muitas coisas para resolver, Gaius — comentou Alyce, empolgada, antecipando-se nos assuntos.
— Alexander, o contrato de confidencialidade de Alyce está pronto? — perguntei e dei um gole.
— Sim. Quer revisar? — respondeu ele.
— Está de acordo com a última revisão?
— Sim.
— Alyce, por favor, leia e assine. Vou adiantando com Alexander. Daqui a pouco trataremos dos seus assuntos — e olhei para o advogado, sugerindo que começasse a falar, enquanto acendi um cigarro.
— Gaius, estamos de olho em três empresas. Não são tão grandes quanto às últimas que apresentamos a você, mas é possível obter um lucro significativo depois de finalizarmos. Duas de fast food e a outra é uma casa de entretenimento adulto — e levantou-se, caminhando até mim com duas pastas de relatórios que continham o histórico, a fundação, o segmento de atividade, localização, balanço financeiro dos últimos três anos, um plano de investimentos para reforma, o valor da venda e a probabilidade de lucros para mim, entre outras informações que não me recordo.
— Você sabe que não olho essas coisas, Alexander. Tenho confiado no seu trabalho. Até agora, nossa parceria tem funcionado bem para ambas as partes — e joguei as pastas sobre a cama, depois de receber das mãos dele.
— Sabe que preciso fazer isso, Gaius. Se tiver alguma dúvida, pode consultar a qualquer momento.
— Qual a porcentagem de lucros para mim ao final de tudo? — perguntei, incisivamente.
— Estimamos um lucro de quarenta e três por cento sobre o valor da venda. Depois dela, pagamos o investimento e lucramos isso.
— Estamos falando de quanto, Alexander? — e dei um trago no cigarro, atento à resposta que daria.
— Quase uma dezena de milhões de dólares, somando as três empresas — e sorriu levemente para mim, fazendo sinal com os olhos de que não queria explicitar o valor exato por causa de Alyce.
— Realmente, é bem menos do que lucramos no investimento anterior, não? Quanto tempo? — perguntei.
— Acredito que três ou quatro meses, no máximo. Se desejar, posso contratar mais pessoas e acelerar as reformas, finalizando em até três meses. Acho que consigo — e me olhou, esperando uma resposta.
— O negócio é seguro, Alexander?
— Muito seguro. Estão vendendo muito abaixo do valor de mercado, Gaius. Problemas familiares e amorosos.
Quem não os tem? Pensei. Afastei-me da cama onde estava e caminhei para a varanda, sendo acompanhado por ele. Sentindo o vento bagunçar meus cabelos, continuei, agora com mais liberdade, já que Alyce não podia nos escutar.
— É a sexta empresa de fast food que você me sugere comprar, Alexander. Não entendo sua obsessão nesse segmento. Poderíamos lucrar muito mais com empresas locais e que não façam parte de uma rede, pois os investimentos são menores. Lucramos bastante, é fato, mas acabo tendo que soltar mais grana nas reformas. Poderíamos investir menos e lucrar a mesma coisa — argumentei, não compreendendo a lógica que movia os pensamentos do meu advogado e administrador financeiro.
— Gaius, as empresas de fast food em países como China, Japão, Brasil e Reino Unido são extremamente lucrativas, principalmente nas regiões mais pobres. Nossos compradores gostam de fast food. Não esqueça que nós não ficamos com as empresas. Compramos por um bom preço dos proprietários endividados, reformamos e vendemos com valor bem-alterado para nossos compradores. Nossos lucros com fast food só crescem. Desculpe, mas disso você não pode reclamar — e impôs seu profissionalismo brandamente sobre minhas opiniões amadoras.
— É verdade. Onde ficam essas empresas?
— As de fast food ficam em São Paulo, Brasil. A casa de entretenimento adulto fica em Manhattan, não muito distante do Rio Hudson, em um local reservado.
Hum! Aqui em nova Iorque? Pensei e senti uma enorme curiosidade latejar em meu ser. Depois de mais um gole no vinho e alguns instantes em silêncio, assenti:
— Você tem minha autorização para comprar e reformar as empresas de fast food no Brasil. O clube de sexo, eu quero conhecer antes de autorizar. Diga ao proprietário que iremos na sexta à noite, com a casa aberta. Quero ver o que acontece lá dentro — e dei um trago demorado, empolgando-me.
Alexander emitiu um ruído com a garganta, como se quisesse dizer alguma coisa.
— O que foi? — perguntei, franzindo a testa.
— Não sei se percebeu, mas os tabloides já noticiaram que você voltou a morar em Nova Iorque. Considerando o que eles têm falado, não recomendo que você seja visto em um local desses.
— Por quê? — inqueri.
— Gaius, seu livro vendeu muito ao longo desses anos. Você ficou muito conhecido aqui. A imagem que as pessoas têm de você agora é bem diferente da que era passada pelas colunas sociais há alguns anos pelo trabalho da empresa da sua família.
— Está exagerando, Alexander — comentei.
— Não estou, não. Muito foi falado a partir do que você escreveu no livro. Foram muitas confissões de foro íntimo, Gaius. Isso mobilizou muitas pessoas, grupos de pessoas, associações e entidades religiosas. Deveria pensar nisso. Confesso que me preocupo em você andando sozinho nas ruas. Deveria se dedicar mais em pensar sobre o que digo. Não seria ruim contratar um segurança — sugeriu.
Se bem que percebi algumas pessoas olhando diferente para mim nas lojas hoje à tarde. Pensei e lembrei-me do que aconteceu no The Palm. Nisso, considerei que deveria investigar que reputação eu tinha naquele momento em Nova Iorque. Curioso, perguntei:
— O que as pessoas falam sobre mim, Alexander?
— Gaius, você escreveu um livro contando como rejeitou um casamento sólido e feliz com Maison para fugir com seu irmão Pablo para viver um relacionamento amoroso. O que acha que as pessoas pensam disso? E não podemos esquecer que você fez acusações sérias sobre a conduta sexual de Marcus, além de narrar detalhes do seu sequestro e toda aquela violência que sofreu. Reflita sobre o que digo. Temo por você — e saiu da varanda, deixando-me sozinho com meus pensamentos inquietos e aquele vento, que insistia em continuar assanhando meus cabelos.
Olhei para a taça em minhas mãos e vi que o vinho tinha acabado. Droga! Então, dei o último trago no cigarro e falei em voz alta:
— Alyce, ligue para Aidan. Preciso falar com ele. E marque com Ryder hoje às 23h.
Preciso transar antes de dormir. E já que estou sob os holofotes, melhor ficar somente com um garoto de programa. Pensei, entrei na suíte e sentei-me à mesa para tratar dos meus assuntos com ela.
Alguns minutos antes das 23h30, ouvi que alguém batia na porta da minha suíte. Deve ser ele. Após abri-la, vi Ryder, pedindo desculpa com os olhos. Ele foi entrando e já se explicando:
— Desculpe o atraso. Tive problemas com minha mãe. O remédio dela demorou para fazer efeito. Quase não dormiu. Não sei mais o que fazer. Ela tem Parkinson e precisa de alguém em tempo integral...