Книга Castrado - читать онлайн бесплатно, автор Paulo Nunes. Cтраница 6
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Castrado
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Castrado

— Finn, vamos querer dois cones de batatas fritas para começar. E uma água, por favor. Quer algo mais forte? — perguntou, olhando para mim.

Balancei a cabeça que não, e vi o garçom sair com nosso pedido. Nisso, os olhos dela se voltaram para mim novamente.

— Então, por que não me fala de você — sugeriu.

— Confesso que não sei o que dizer. Estou um pouco nervoso — e sorri para que minha frase não soasse em tom desagradável a ela.

— Nervoso, por quê? Não é a primeira vez que você sai com uma mulher, é?

— Não. Já saí com mulheres, sim. Mas é a primeira vez que... — e não consegui terminar a frase, pondo-me imediatamente a caçar palavras para continuar, quando fui interrompido por ela.

— Com uma puta?

— Sim. É a primeira vez que estou com uma prostituta. É isso.

— Relaxa. Logo você se acostuma. Com esse rosto lindo que tem, quase não entendo porque está me pagando. As meninas devem se jogar em seus braços, não? — e deu uma gargalhada.

— Digamos que não tenho do que reclamar — respondi.

— Então, fale-me um pouco de você. Quero ouvir o que tem a me dizer — e, novamente, fez aquele gesto com o cotovelo sobre a mesa, repousando a mão no rosto.

Ela fica tão sexy ao jogar seu corpo para frente dessa forma. É como se estivesse tão disponível, tão entregue. Pisquei os olhos, tentando me concentrar. Respondi.

— Por que não começamos com você? Fale-me um pouco sobre si — e, quase que instintivamente, imitei seu gesto, repousando meu cotovelo sobre a mesa, apoiando meu rosto com a mão.

E, então, ela começou a falar. Disse-me que havia nascido em Marken, Holanda, e aos dezesseis anos resolveu sair de lá e morar em Amsterdã, pois achava que sua cidade natal havia parado no tempo, e seus desejos e ambições jamais iriam se realizar morando lá. Na capital, tentou conseguir trabalhar e estudar, mas não obteve sucesso, e a prostituição se apresentou como uma opção rápida e fácil a alguém que, como mesmo disse, tinha fome e precisava pagar o aluguel. Contou, ainda, que se apaixonou por um cliente aos dezessete anos, que, à época, era casado com uma mulher. E, dele, engravidou aos dezenove, dando à luz à menina Carolien, com quem morava em uma casa alugada. Acrescentou que a filha sempre soube que ela era prostituta e valorizava-a por sua coragem, mas optou por se dedicar aos estudos, pois pretendia trabalhar como veterinária. Ela afirmou que a única fonte de renda da família provinha dos programas que fazia, e que, além de não poder parar por precisar sustentar a casa, gostava de sexo. Lamentou ter passado algumas situações desagradáveis com clientes que a destrataram, foram rudes com ela e agrediram-na, mas não se arrependia de ter entrado naquele caminho, pois a prostituição, segundo ela, tornou-a uma mulher mais forte e livre, inclusive na cama.

No meio da conversa, Finn nos levou os cones com batatas fritas e diversos molhos esparramados sobre elas. Ouvindo atentamente o que a prostituta contava sobre sua vida, entre uma mordida e outra naquelas batatas grossas e crocantes, pensava em quão excitante devem ter sido as experiências que ela já teve na cama. Deixando-a à vontade, eu ficava em silêncio, mantendo meus olhos fixos nos dela, enquanto sua boca se mexia sem parar, narrando um pouco da sua história para mim. Percebendo que não tinha mais o que contar sobre sua trajetória de vida, brevemente resumida por ela, perguntei:

— Deve ser instigante estar todos os dias na cama de vários homens em uma única noite, não? — e dei um sorrisinho para ela, enquanto lancei um olhar lascivo e curioso sobre seu rosto.

Ela entendeu o que eu queria saber, e não hesitou em falar:

— E de mulheres também — e deu mais uma gargalhada com a boca cheia de batatas.

— Muitas mulheres a procuram? — perguntei, entusiasmado.

— Muitas. Algumas para satisfazerem seus maridos. Outras para se satisfazerem. São dois tipos de sexo muito diferentes. O tempo me levou a entender que a dinâmica e a energia de um homem são diferentes das de uma mulher. Adaptei-me aos gostos de cada um, e, hoje, é mais fácil para agradá-los, sejam juntos ou separados — e terminou a frase quase sussurrando, sugerindo que gostava de transar com ambos os sexos, dando mais uma gargalhada ao final.

Suas risadas vulgares e escandalosas chamavam a atenção de alguns clientes do bar, e isso imprimia, em mim, uma sensação de liberdade, ao saber que tinha em minha mesa uma mulher que não se importava com convenções e reputações, mas que mostrava o que era, sem máscaras ou dissimulações. Adoro vê-la sorrir dessa forma tão estapafúrdia!

Nossas batatas acabaram, e, então, ela limpou seus dedos em um guardanapo, enquanto falou:

— Mas não seja mal-educado comigo. Não me deixe aqui falando sozinha. Conte-me um pouco de você também.

Balancei a cabeça em negativa, sorrindo para não parecer rude com ela, já sentindo algumas emoções pulsarem dentro de mim.

— Tenho certeza de que um homem belo como você deve ter histórias interessantes para contar, não é? Algo que aconteceu no colégio, talvez? Uma mulher por quem se apaixonou? Ou um homem? Fale-me alguma coisa. Contei quase a minha vida inteira para você. Tenho certeza de que...

— Você não entenderia o que fiz — disse, interrompendo-a com uma única frase, percebendo seus olhos apertarem-se e sua cabeça mover-se para o lado, analisando-me melhor.

Instantes depois, com a voz suave e maternal, comentou:

— Por que não tenta me contar e me deixa decidir se entendo ou não?

Balançava minha cabeça, tentando controlar minha emoção, buscando forças para sorrir, quando me percebi desabar em um choro. Logo, solucei e cobri meu rosto com as mãos, evitando minha vergonha. Ela ficou em silêncio até que eu conseguisse controlar minhas lágrimas e limpá-las de minhas bochechas. Então, sorriu para mim e disse:

— Acho que sei o que quer de mim esta noite. E por mais que pense que não vou conseguir entender, quero ouvir o que está preso aí dentro do seu coração.

Eu sorri para ela, como se dissesse que iria contar o que aconteceu. Nisso, fiz força para controlar a gargalhada que quis dar, quando a vi gritar para o garçom, chamando a atenção de todos que estavam no bar:

— Finn, traga-me dois jenevers! — e, mais uma vez, repousou seu cotovelo sobre a mesa, batendo levemente os dedos sobre as bochechas, aguardando que eu começasse a falar.

Respirei fundo e contei minha história a ela. Naquele momento, tive vontade de revelar um segredo que somente eu sabia. Uma realidade aparentemente inofensiva, mas que, por trás dela, escondia o quão complexa e nebulosa minha mente havia se tornado. Evitava pensar sobre aquilo em lugares não administrados. Era perigoso e fatal acessar esses quartos escuros da minha mente, principalmente com pessoas que não poderiam oferecer a dose de compaixão e empatia que tal ação exigia. Decidi não falar e manter a farsa que propaguei no passado.

Após me ouvir atentamente, aquela mulher, ainda tentando se recuperar do choque, fez-me apenas uma pergunta:

— Quanto tempo precisará esperar?

— Não sei. Os advogados acham que conseguem fazer um acordo com a promotoria e tentar baixar a quantidade de anos. O julgamento ainda não aconteceu. Tudo é muito incerto — e tentei me controlar para não chorar novamente.

— Sinto muito. Lamento que tenha passado por tudo isso. Mas veja pelo lado positivo. Depois que tudo isso acabar, poderá ter sua vida de volta — e sorriu com a boca e com os olhos, tentando me consolar.

— É verdade. Mas eu estou organizando um plano para executá-lo ao longo desse tempo de espera. Não sei ao certo por que vim a Amsterdã, mas, pelo que já pensei em fazer, precisarei de alguém como você. No momento certo, vou procurá-la — e vi seu rosto se encher de curiosidade.

— Pode contar comigo. Ficarei feliz em ajudar — e piscou os olhos para mim.

Mais aliviado e calmo, depois de ter chorado e contado minha história para ela, tentando harmonizar a conversa novamente, comentei:

— Você ainda não me disse seu nome.

Ela repetiu aquele gesto de rebolar o pescoço para trás, sacudindo levemente o cabelo, exibindo seus ombros, tentando sensualizar para mim. Nisso, meus olhos encontraram suas orelhas, que prendiam um par de brincos discretos. Eles tinham uma espessura fina, em forma de espiral, com detalhes de pequenos círculos indianos dourados. Vendo-os, paralisei meu rosto e pus-me a observá-los com mais atenção, enquanto ela me encarava curiosa, sem nada dizer, tentando entender o motivo da mudança das feições e da minha testa franzida. Percebendo que eu observava sua orelha esquerda, virou levemente à cabeça para a direita, a fim de facilitar minha visão. Ela e eu estávamos próximos. Então, pude levar minha mão até o brinco e tocá-lo. Contemplando o lóbulo da orelha e aquele acessório pendido, ouvi dela:

— São lindos, não? Quer usá-los? — perguntou e, logo, deu um sorrisinho de boca fechada para mim.

Ainda com os olhos fixos em suas orelhas, acariciando o lóbulo e o brinco, respondi.

— Rachel. Todo o tempo em que estiver comigo, seu nome será Rachel — e pisquei meus olhos, já com minha pupila fixa na dela, ao abri-los.

Ela não entendeu nada, mas achou interessante poder usar outro nome pelo tempo que estivesse comigo. As expressões de seu rosto confirmaram isso para mim. Então, comentou e perguntou, de forma sugestiva:

— Você que manda. Qual o seu nome? Quer ir para um lugar mais íntimo? — e lançou um olhar de luxúria sobre mim, demonstrando claramente que desejava me levar para a cama.

Encarei-a, depois de afastar minhas mãos de sua orelha, retornando meu corpo para a posição que estava antes, e respondi:

— Meu nome é Gaius. Iremos, sim. Quero você e Finn na minha cama hoje.

Ela moveu sua cabeça para baixo, quase encostando o queixo no ombro, expressando seu semblante de surpresa e admiração por eu estar dizendo o que queria para aquela noite, e falou:

— Acho que os jenevers estão começando a fazer efeito — e fez cara de safada para mim.

— Parece que sim — respondi e devolvi o semblante de lascívia para ela.

— Preciso falar com ele antes. Não sei se vai querer — e levantou-se da mesa para tentar realizar o meu desejo.

Nisso, eu disse:

— Ofereça dois mil euros. Se ele recusar, mande-o à merda, pois ele não vale tudo isso — e, logo, ouvi-a gargalhar escandalosamente.

Instantes depois, ela voltou e confirmou:

— Ele topou por mil e quinhentos. Os outros quinhentos, você paga para mim — e piscou os olhos, achando-se esperta demais por ganhar mais do meu dinheiro em tão pouco tempo.

— Você merece! — e dei três batinhas com as palmas das mãos, aplaudindo-a pela proeza em convencer um garçom holandês a fazer sexo comigo e com ela ao final do expediente.

— Vou pedir algo para comermos e um pouco mais de... — falava, quando a interrompi, dando o último gole no gin holandês, logo batendo a pequena taça na mesa com força.

— Rachel, pergunte a Finn a que horas devemos vir buscá-lo aqui. E leve-me a algum lugar para dançar. Agora.

Do lado de fora do bar, enquanto caminhávamos para um clube erótico de dança, Rachel e eu gargalhávamos ao tentarmos adivinhar qual o tamanho do pênis de Finn. O clima que se instalou entre nós era agradável e leve. Ela não estava bêbada, e eu consegui sentir que sua alegria era espontânea. Sem motivação nenhuma, de supetão, ela parou no meio da rua, encarou-me e perguntou:

— Espere aí. Uma coisa não ficou clara na história que você contou lá dentro. O que aconteceu com a cadela Helena?

Estava alguns passos à frente dela. Parei, encarei-a, enquanto me aproximava, e já com meus lábios tocando aqueles brincos baratos, sussurrei em seu ouvindo:

— Em uma das brigas, tomei a arma, enfiei no cu da cadela e atirei. A bala saiu pela boca dela. Mesmo morta ao chão e sangrando pela boca e pelo cu, fiz questão de dar mais dezessete tiros na cabeça. E, antes de sair, chutei com força sua barriga e vi mais sangue espirrar de sua boca — e afastei meu rosto do dela, encarando seus olhos com satisfação, aguardando sua reação ao que tinha ouvido.

Rachel me olhou sério, e, instantes depois, comentou:

— Eu não teria feito nada diferente do que fez — e deu uma gargalhada, novamente repousando suas mãos em seu quadril.

Nisso, percebendo que o gin já tomava conta do meu corpo e mente, pensei: A bebida afrouxa sua boca, Gaius. Cuidado com ela. Não esqueça que não deve confiar em ninguém, muito menos em uma puta.

Rachel e eu entramos no Bananen bar, um clube erótico de stripers do Bairro da Luz Vermelha, que carrega em sua história a audácia de Maarten Lamers, ao driblar as autoridades locais na década de 1970. À época, diversas licenças de bebidas foram negadas ao pequeno estabelecimento, onde cafés eram servidos por mulheres nuas aos clientes. Engenhoso, Maarten procurou o chefe de polícia e afirmou que tinha fundado uma igreja para satanás dentro do clube, o que conferia a ele a partir daquele momento o direito de ser chamado de Monsenhor Lamers. E, ainda, que as bartenders eram irmãs da ordem de Wallburga, e os seguranças na porta eram colecionadores. O atrevimento de Lamers excedeu todos os limites ao impor o ato de morder a banana como um ritual religioso. Arrogando-se o direito de liberdade religiosa, o empresário conseguiu manter o clube de sexo aberto e funcionando. Suas moças serviam cafés e bebidas totalmente peladas, e, ainda, dançavam sobre os homens, enquanto descascavam bananas e as chupavam e mordiam de forma provocante, característica essa que conferiu sucesso ao local desde o seu início. O ápice dos shows das stripers ocorria quando elas retiravam as bananas das cascas e enfiavam em sua vagina, arreganhando suas pernas sobre as mesas dos homens e fazendo-os mordê-las até que os lábios deles tocassem e lambessem seus clitóris. A intitulada igreja ganhou notoriedade e publicidade com o tempo, chegando à marca de mais de quarenta mil fiéis, o que despertou a atenção do Departamento de Justiça e de Impostos da Holanda, visto que igrejas são isentas de pagamentos de tributos ao Governo. Depois de uma cautelosa investigação, descobriu-se que Lamers já havia faturado milhões de euros com o clube de sexo disfarçado de igreja de satanás e que vivia viajando de país em país, sendo capturado em um castelo na França anos depois. Para evitar ficar preso, um acordo de milhões de euros foi feito com o Departamento de Justiça holandês, o que incentivou Maarten a continuar seus investimentos no mundo do sexo, tornando-se, depois, proprietário do teatro erótico Casa Rosso, onde começou a trabalhar como guarda antes de adquirir fortuna, o Hospital Bar, o Museu erótico e, finalmente, um peep show, compondo assim o Grupo Otten, um dos mais influentes do entretenimento adulto. O homem que driblou o Governo holandês por anos enricou incentivando e alimentando o desejo de sexo das pessoas.

É claro que eu não sabia dessa história na noite em que entrei no clube de streepers com Rachel, pois, além de estar começando a ficar bêbado, queria mesmo era dançar e preparar-me para o sexo que teria com Finn e Rachel depois daquela balada. Mesmo não sabendo da história das bananas nas vaginas, isso não me impediu de, naquela noite, comê-las e lamber o clitóris daquela moça que abriu as pernas para mim sobre uma mesa. Uau! Que lambida gostosa. Gostei de fazer isso em público. Ela pareceu não se importar com o que fiz, embora tenha olhado para o segurança do clube, ao perceber que eu a lambi rapidamente. Com certeza, aquela moça era novata por lá, pois não era permitido fazer sexo durante a performance das streepers, e era papel delas não deixar que os clientes se empolgassem demais. Se pudesse, comeria você aqui na frente de todos e gozaria em seus seios caídos, sua vadia! Pensei, enquanto encarava os olhos castanhos daquela moça, pintados com um delineador barato e vulgar, vendo-a sair da minha mesa e caminhar para rebolar suas nádegas flácidas sobre outros homens.

O clube era escuro, e o jogo de luzes conferia uma sensação quase psicodélica a quem estava lá. Suas paredes de tijolos, cuidadosamente decoradas com compridas mangueiras de luz em cores alaranjadas, as mesas redondas e pequenas, as áreas com pequenos sofás, as moças quase nuas transitando pelo salão, e a música eletrônica, quase ensurdecedora, explicitavam a proposta do ambiente. Tudo, até mesmo os mínimos detalhes do Bananen bar, tinha o propósito de fazer seus clientes respirarem sexo a todo instante. E isso foi o suficiente para eu entender que aquele lugar seria visitado por mim várias vezes durante o tempo em que ficaria em Amsterdã. E eu estava certo.

Rachel quis continuar bebendo jenever. Ela parece ser nacionalista. Só vai beber esse gin a noite inteira? Pensei, mas não disse nada. Eu precisava de algo mais exótico, então, imaginei que a mistura de molho inglês, suco de tomate e pitadas de pimenta cairiam bem àquele momento.

— Minha amiga precisa de uma garrafa de jenever. Para mim, um bloody Mary. Sei que a casa está lotada, mas aqui tem um incentivo para você não demorar a trazer minhas bebidas — disse eu ao garçom, quase gritando em seu ouvido, enquanto enfiei no bolso de sua calça uma cédula de cem euros, corrompendo-o.

Ele mirou bem em meus olhos e sorriu para mim, balançando a cabeça que sim, enquanto terminou de enfiar a cédula em seu bolso com a mão, saindo rapidamente para pegar nossas bebidas. O que o dinheiro não faz, não é?

A garrafa de gin tinha menos da metade da capacidade. Eu já devia ter tomado uns cinco ou seis drinks. Passaram-se algumas horas desde que chegamos ao clube. Quase não sentia meu corpo, mas, mesmo assim, Rachel e eu não parávamos de dançar. Em um determinado momento, ela sensualizou para mim e simulou um streap-tease, o que chamou a atenção de vários homens ao nosso redor. Deslizando suas mãos pelo meu corpo, enquanto abaixava-se, simulando sexo oral em mim, ouvíamos os gritos dos homens, que sacudiam seus punhos fechados em círculos pelo ar e gritavam, sincronicamente:

— Chupa! Chupa! Chupa...

Que lugar exótico! Quero transar aqui no meio de todos. E com todos também. Pensei e senti um ser dentro de mim ficar eufórico. Nisso, olhei para baixo e encontrei os olhos pretos de Raquel, fitando-me, provocando-me, simulando que chupava meu pênis, enquanto todos aqueles homens continuavam gritando para que ela baixasse minha calça e abocanhasse meu membro. Em um movimento natural, mais uma vez, Raquel sacudiu vagarosamente seu cabelo para trás, o que me permitiu ver suas orelhas e aqueles brincos cafonas. Senti minha pupila dilatar e meus dentes se apertarem. No impulso, agarrei os dois braços de Raquel com as mãos firmemente, levantei-a e pressionei minha boca contra a dela, explorando-a com minha língua. Era impetuosa a forma como eu a beijava, e, com o mesmo ímpeto e tesão, ela respondeu. Os homens que gritavam enlouqueceram ao ver aquele beijo, e, também, quando puxei o corpo dela para o meu e dei um tapa em suas nádegas, apertando-as. Que gosto maravilhoso essa mescla de gin e suco de tomate. Pensei.

Dançava distraidamente no meio do salão do clube, que, horas depois, não tinha tantas pessoas, quando Rachel me puxou pelo braço e disse:

— Está na hora. Vamos? — e fez sinal para que eu pagasse a conta e fôssemos encontrar o garçom holandês.

Na porta de saída do bar onde Finn trabalhava, eu fumava um cigarro, enquanto esperava Rachel trazê-lo. Instantes depois, vi-o chegar com ela.

— Oi! — disse ele, timidamente.

— Oi! — respondi com a voz meio embargada.

— Tem um lugar aqui que podemos ficar mais à vontade — sugeriu Rachel, enquanto Finn me olhava, analisando-me, esperando para saber onde iríamos transar.

— Estou hospedado no Waldorf Astoria Amsterdam. É próximo daqui. Vim andando. Podemos ficar lá. Teremos mais conforto — comentei, dei mais um trago no cigarro e vi-os se olharem.

Rachel torceu os lábios e falou:

— Combinamos que não sairíamos do bairro...

— Para com isso, Rachel. Você não quis sair daqui porque tinha medo de eu lhe fazer algum mal. Finn vai conosco. Você estará segura com ele. Garanto que não faremos nada que já não tenha feito na vida. Não quero ficar aqui. Quero ir para a minha suíte. Lá, terei mais conforto, além de tudo que preciso para fazer sexo como gosto. E será uma oportunidade para vocês conhecerem uma suíte de luxo de um dos hotéis mais ricos de Amsterdã. Tenho certeza de que clientes como eu não aparecem para vocês todos os dias, não é? — expus, de forma firme, deixando claro quem estava no controle ali.

Finn e Rachel se olharam novamente, buscando um no outro a aprovação mútua. Então, o garçom falou, quase com indiferença:

— Por mim, tudo bem.

Olhei para Rachel, enquanto dei o último trago daquele cigarro, esperando sua resposta.

— Tudo bem. Vamos lá.

Abrindo a porta da minha suíte, fiz sinal com a mão para que Finn e Rachel entrassem primeiro. Foi impossível não perceber o espanto no rosto deles por estarem um hotel de luxo. A imponência e beleza do quarto era admirável. Até eu, já acostumado com esses lugares, quando vi, encantei-me. Passeando cuidadosamente, os dois observavam a sala de estar e moviam o pescoço para tentar ver o segundo cômodo, onde estava a minha cama. Finn, visivelmente nervoso e tímido, retirou o casaco e perguntou:

— Posso tomar um banho antes?

— Não. Quero sentir o cheiro sujo do seu corpo. Rachel, ponha uma música para nós — respondi a ele, e retirei meu casaco e cachecol rapidamente, jogando-os sobre o sofá e aproximando-me dele.

Finn tinha a mesma altura que eu. Era branco, ruivo e seu corpo parecia o de um adolescente, assim como o meu. Devia ter vinte e cinco anos, no máximo, embora seu aspecto fosse de um menino raquítico. Os poucos pelos ruivos que nasciam em sua barba conferiam um pouco de charme ao seu rosto, mas não o suficiente para que fosse considerado, por mim, um homem belo. Ele não era feio e nem belo. Era comum, o que, em certos casos, é pior que ser feio. Não sei por que me interessei por ele. Será que estou cansado de homens belos em minha cama? Perguntei a mim mesmo, ainda caminhando em sua direção, contemplando seu rosto assustado, depois que o proibi de tomar banho. Próximo a ele, perguntei, deslizando minhas mãos em seus braços magros:

— Os cabelos do pau também são ruivos? — e encarei-o.

Ele ficou desconcertado e suas bochechas, logo, enrubesceram. Depois de engolir em seco, respondeu, quase gaguejando:

— São. Eu não sabia que iríamos fazer isso hoje, então não me preparei direito, se é que me entende — já deixando claro que não havia feito depilação e higienizado seu membro.

— Não se preocupe, Finn. Gosto de cheiro natural — e desci minha mão por seu abdome até o meio das calças, apertando levemente seu membro.

Finn me olhou como se respondesse positivamente ao meu toque. Nisso, sussurrei, fitando seus olhos claros:

— Ponha para fora. Quero chupar — e me ajoelhei diante dele, vendo-o abrir a calça e abaixá-la com a cueca, que mais parecia um pijama.

Meus olhos viram seus pelos ruivos. Eles eram grandes e cobriam parte do pênis mole e enrugado dele. Sua glande estava coberta pela pele, então, segurei-a com um movimento leve e a fiz aparecer, deixando-a à mostra. Nisso, senti o cheiro de sujeira de imediato, e, logo, percebi que entre o prepúcio e a glande havia um pouco de esmegma. O cheiro fedido daquele sebo grudado na cabeça do pênis dele me fez arfar. A sensação foi maravilhosa. Em segundos, percebi-me excitado e, sem resistir, molhei meus lábios e pus somente a cabeça do pênis dele em minha boca, lambendo e engolindo aquela sujeira compassadamente. Que coisa maravilhosa! Adoro isso! Repetia para mim mesmo, controlando-me para não gozar de tanto tesão que senti ao misturar minha língua àquele sabor amargo. Ainda fazendo movimentos circulares com a língua, tentando extrair todo o sebo da glande, percebi seu membro crescer em minha boca, enquanto liberava pequenas poluções, com certeza, resultado do seu tesão. O garoto está gostando do boquete, Gaius! Disse para mim mesmo. Quase que em uma fração de segundos, minha boca testemunhou a espessura do pênis dele, que a preencheu completamente, quase me forçando a erguer minha cabeça, pois seu pênis era levemente inclinado para cima. Minha boca estava mais úmida que minha cueca. Então, engoli aquela baba vagarosamente, enquanto abocanhava seu membro inteiro até que meu nariz encostou naqueles pelos ruivos e desordenados. Uau! Não sei como conseguiu entrar inteiro em minha boca. A cabeça do pau dele está encostando em minha úvula. Que delícia! Pensava, enquanto ouvi os primeiros gemidos de Finn. Ele flexionou os joelhos para ajustar seu membro em minha boca e começou a mexer o quadril vagarosamente, deslizando-o para dentro e para fora, comprazendo-se. Abrindo os olhos, vi seu rosto flamejar de tesão. Ele arfava toda vez que conseguia socar seu pênis inteiro em minha boca e continuou com pequenas e suaves estocadas. Percebendo a dinâmica do prazer que Finn sentia, pressionei meus lábios, esfregando-os mais intensamente naquela pele, e acelerei os movimentos a fim de ouvi-lo gemer mais alto. Funcionou. Em minutos, Finn e eu estabelecemos uma conexão a partir daquele sexo oral. E, enquanto eu me deliciava com aquilo, o ritmo dançante e crescente de uma música eletrônica invadiu o ambiente da minha suíte. Rachel aumentou o volume do som dançante do DJ Martin Garrix, e, depois de pegar a cigarreira e o isqueiro no bolso do meu casaco, verteu vinho em uma taça e deu o primeiro gole, seguido de um trago, mantendo seus olhos fixos em nós dois, enquanto fazia tudo isso. A sensação de ter alguém me assistindo chupar o pênis de Finn era intensa. Senti-me poderoso naquele momento. Não sei explicar, mas por um instante comecei a pensar que, por mais que tenha vivido dois anos em um relacionamento totalmente exótico, ainda havia muito o que explorar no mundo do sexo. Sentia que cabiam mais coisas em minha cama. Chega de pensar, Gaius! Agora, abra as pernas e deixe ele meter em seu cu! E assim meus lábios soltaram a cabeça do pênis dele, emitindo aquele barulho que as crianças fazem, quando um adulto lhe rouba a chupeta da boca contra a sua vontade. Levantei e ordenei a ele: