Книга A Noite Escura Da Alma - читать онлайн бесплатно, автор Aldivan Teixeira Torres. Cтраница 4
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A Noite Escura Da Alma
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A Noite Escura Da Alma

A visão respectiva termina e imediatamente o conhecimento necessário preenche todo o meu ser. Quando estou pronto, a pessoa se despede me fazendo um pedido: Quero que você divulgue minha história para o mundo, pois não quero que meus filhos venham para o lugar de tormento em que estou. Prometo atendê-lo e ele finalmente se vai. O anjo reaparece no quarto e me arrebata pela segunda vez. Nós viajamos rapidamente e ele me deixa junto à porta, no salão. No mesmo instante uma força me puxa para cima e quando dou por mim estou de volta ao meu corpo, no topo da montanha do Ororubá.

Reflexões sobre o desafio

Tento me levantar, mas o esforço sobre-humano que fiz anteriormente me impede. Cheio de curiosidade, observo ao meu redor à procura da estranha mulher que me ajudara nos desafios, mas não consigo achar pista dela. Quem ela seria exatamente? Que poderes possuía? A única certeza que eu tinha é que ela demonstrara ser um instrumento maravilhoso do destino, com o objetivo de me auxiliar na busca pelo tão ardoroso conhecimento.

Um instante depois, esqueço um pouco a mulher e tento me levantar pela segunda vez. O corpo tenta resistir, mas com um pouco mais de esforço eu finalmente consigo. Em pé, poderia pensar melhor e assimilar por completo o conhecimento revelado no abismo. Quando me sinto pronto, começo a fazer o caminho de volta em direção à minha morada provisória. No meio do caminho, as sombras da história triste começam a me inquietar e então resolvo analisar o caso friamente. Ryan era o exemplo mais adequado de que os ricos correm sérios riscos quanto à sua salvação. Isto posto porque a riqueza e o poder trazem consigo conforto e status, mas também exige responsabilidade e desprendimento com as causas sociais. Outro exemplo, bíblico, mostra a avareza do rico e as condições desumanas dum pobre Lázaro. O final deles é igual ao da história de Ryan e Angel. Analiso em conjunto os dois casos e termino por concluir que a avareza é uma poderosa comichão da alma. Os personagens mudam, as situações são diferentes, mas para quem cultiva a avareza acontece o mesmo final trágico: A noite escura condena mais uma vítima a perecer nas trevas exteriores. Como mudar essa grande realidade? A resposta pode ser mais simples do que imaginamos. Trata-se de seguir o caminho da evolução, um caminho rumo ao Pai. Que requer renúncias e escolhas difíceis, que poucos estão dispostos a fazer.

Penso que o mundo seria bem melhor mesmo se seguíssemos os bons exemplos que a história nos deu: Jesus Cristo, Francisco de Assis, Martin Lunter King, Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Xavier, entre outros. Certamente, a noite escura não teria mais influência sobre nós. Bem, isso é apenas um sonho. A realidade é completamente diferente. Em sua maioria, as pessoas demonstram serem materialistas, egoístas e cheias de vaidades. Pode parecer pessimismo, mas na minha opinião o mundo continuará por muito tempo sobre o império da noite escura e para poder entendê-la completamente terei que cumprir novos desafios e realizar aventuras que sequer desconfio. Das etapas, já cumpri duas. Continuemos juntos, leitor, na busca pelo conhecimento.

Aproximo-me da cabana que construí com tanto esmero. À minha espera está a guardiã. Chego ao lado dela e a mesma iniciou o diálogo:

– Meus parabéns, vejo que está inteiro. Poderia falar sobre a sua experiência de hoje á tarde? O que você aprendeu?

– Inicialmente decidi começar pelo Sul, pois já tinha passado pelo Oeste e pelo Norte. Nesta respectiva direção, caminhei um bom período de tempo até conseguir encontrar alguma sinalização que me orientasse. Ao ser orientado, voltei a caminhar com bastante intensidade e com mais algum tempo me deparei com a mesma mulher do desafio anterior, que prontamente me auxiliou a achar o meu destino, o abismo do arrependido. Avancei no caminho e ao chegar exatamente no ponto que eu precisava, entrei em contato com a revelação do segundo pecado capital: A avareza. A história a qual fui submetido me ajudou a compreender a extensão desse pecado, o verdadeiro destino de todos que o seguem e tirei enfim algumas conclusões: A avareza é a chave pela qual a noite escura da alma arrebata fiéis. Ela se aloja no coração humano e nos sentidos, obstruindo a evolução respectiva do indivíduo. Além disso, provoca males secundários como a indiferença, o egoísmo e a intolerância. Exposto isso, podemos concluir que seus efeitos são catastróficos e muitas vezes provoca a condenação. Uma alternativa de combater esse tipo de pecado seria o altruísmo, que revigora a alma e abre os caminhos da evolução.

– Muito bem. Depois do que vi e ouvi, chego á conclusão de que você está mais próximo de compreender o sentido e a extensa dimensão da noite escura, pois já foram ultrapassadas duas etapas.

– E agora? Qual o próximo passo?

– A próxima fase será realizada amanhã e trata-se de uma das maiores fraquezas do ser humano: A luxúria. Esta será a última sob a minha supervisão, pois não estou capacitada a ajudar mais. Nas próximas etapas você será auxiliado por um hindu, que já mora aqui na montanha há seis meses. Fique tranquilo: Ele é especialista nos quatro últimos pecados capitais.

– Quer dizer que a senhora vai me abandonar? Não faça isso. Não se lembra? Nós estamos juntos nessa busca do conhecimento, desde a última aventura.

– Não leve a minha decisão para o lado pessoal. Não se trata disto. Saiba que não sou detentora de todo o conhecimento como você supõe. Mesmo para mim, a noite escura tornou-se um tema complexo e indecifrável. Para que você avance são necessários novos valores e ensinamentos, os quais não possuo e a grande maioria também não. Por isto e muito mais, devemos nos separar no momento, e quando evoluíres mais, quem sabe não nos veremos novamente.

– De qualquer forma, obrigado por tudo. Se não fossem seus conselhos eu não teria obtido progressos. A partir de agora, prometo que vou esforçar-me mais, a fim de descortinar o véu da noite escura da alma. Tudo dentro do possível, é claro.

– Não me agradeça ainda, pois ainda nos encontraremos outras vezes nesta aventura. Na próxima oportunidade, darei minhas últimas recomendações.

– Entendi. Uma última dúvida. A senhora acredita que eu sou digno do conhecimento a ser revelado?

– Pelo pouco que lhe conheço, é sim. Quando alcançares o objetivo maior, o tão ardoroso conhecimento, terá o poder de abrir a sua mente para verdades escondidas durante séculos. Aí terás as respectivas respostas.

– E aí serei feliz trabalhando no que gosto e esbanjando felicidade. Que ótimo. Espero que este momento não demore muito. Mais alguma recomendação?

– Não. Mais nada por enquanto. Agora, tenho que ir, pois já está ficando tarde. Boa sorte no próximo desafio!

Dito isto, a guardiã desapareceu. Ao ficar sozinho, encho-me de angústias e preocupações. Será que eu continuaria progredindo nesse caminho tão perigoso? Quem era exatamente este novo mestre, o hindu? Estas perguntas sem resposta imediata corroíam o meu coração e eu estava a ponto de realizar mais um desafio.

Luxúria

O tempo passa velozmente e um novo dia já amanhece. A sua chegada traz novas e inquietantes preocupações para um sonhador despreparado. Pergunto-me: Os pecados da carne seriam tão perigosos a ponto de afetarem a minha pureza? Pensando mais um pouco, decido continuar arriscando, mesmo que isso tivesse graves consequências para mim. Com a força dessa nova decisão, levanto-me e dirijo-me ao banheiro improvisado da cabana para tomar um banho. No caminho, tento deixar minha mente tranquila para aproveitar bem esses momentos de lazer. Entro, fecho a porta, começo a me despir e pego o balde de água que eu mesmo tinha separado na noite anterior. Inicio então o banho e ao jogar a primeira quantidade de água fria começo a refletir sobre o local sagrado em que estou. Penso um pouco sobre a montanha e sobre sua importância em minha vida. Termino por concluir que ela era mesmo sagrada pelo seu clima, sua história da qual eu fazia parte, desafios, mistérios escondidos e até a própria gruta. Continuo as conclusões e chego a um novo denominador comum: Nunca ninguém a conhecerá totalmente, a não ser que evolua até a perfeição. Nela, pude encontrar minhas forças opostas e, ao me tornar o vidente, pude controlar essas mesmas forças. Agora, buscava o conhecimento e entendimento sobre a noite escura pela qual todos nós passamos. Nesse caminho, tinha realizado duas etapas. Mas ainda faltavam sete, imprevisíveis, que ainda não tive tempo de pensar.

Tento me concentrar apenas no banho e esqueço, por um momento, as preocupações. A estratégia dá certo, continuo o ritual, me ensaboo, jogo mais água sobre o corpo e me esforço para retirar todas as impurezas. Quando me sinto totalmente limpo, pego uma toalha, enxugo-me e visto uma roupa limpa. Termino por sair do banheiro e vou à cozinha para preparar o meu café da manhã. Ao chegar, começo a estralar os apetitosos ovos de galinha que consegui na mata. Fico um pouco de tempo preparando a minha comida e quando ela fica pronta, alimento-me imediatamente. Aproveito para sentar um pouco, e quando faço isso, sobrevêm saudades de casa, da minha mãe e da minha vidinha. Isso tudo acontecia porque eu estava acostumado com uma refeição farta no café da manhã e com o calor familiar. Mais um instante passa e balanço a cabeça: Tudo seria bem mais fácil se eles me apoiassem na minha carreira e nos meus sonhos. Eu certamente teria mais um motivo para continuar lutando e me firmar cada vez mais como o vidente transformado pela gruta. Mas afasto esses pensamentos, pois eles só me prejudicariam agora. Então planejo a minha estratégia para o próximo desafio.

Com tudo definido, saio da cabana e tomo a direção leste, pois ainda não tinha ido por aqueles lados. O início do novo trajeto é feito de forma regular, sem muita pressa, pois ainda tinha que me preparar mentalmente para os impactos que porventura viessem. Neste momento era necessário o máximo de cautela, pois os desafios anteriores me provaram que os pecados capitais eram mais fortes do que eu imaginava. Provavelmente esta terceira etapa também não seria diferente. Fortalecida por esses pecados, chego a concluir que a noite escura, nesse caso, teria o poder de condenar. Como então se salvar? Era essa a resposta que eu tanto procuro. Depois de passar por todas as etapas da minha evolução pessoal, eu certamente terei uma posição a respeito. Por enquanto eu teria que cuidar do desafio atual. Sem mais preocupações, continuo a avançar.

Mais adiante, no campo da minha visão, aparecem três jovens vestidas como prostitutas. Apesar de ainda estar longe delas, posso constatar que elas são muito formosas e insinuantes. Quando elas percebem minha presença, acenam e eu resolvo me aproximar para mais averiguações. Ao chegar bem perto, a noite escura se condensa e o impacto me faz gelar. No instante posterior, elas se apresentam e me convidam a acompanhá-las. Sem pensar muito sobre o caso, resolvo aceitar e nós continuamos a caminhar. No meio do caminho elas me cercam e criam um círculo das trevas ao meu redor. Neste exato momento, a noite escura arrebata meu coração e sou forçado a lembrar de experiências que só me fizeram sofrer. Angustiado, tento me desvencilhar do círculo, mas ele é forte demais até para mim que sou um vidente preparado e evoluído.

Um tempo depois, uma sequência de portas é aberta na minha frente, e sou empurrado pelas prostitutas de encontro a uma delas. Em poucos segundos, minha mente e meu corpo passam por túneis onde os prazeres da carne são desfrutados. Ao ter essa experiência, estremeço com as imagens, pois o que é sagrado se torna um ato de pura selvageria. A fim de não sofrer tanto, fecho os olhos, mas mesmo assim não consigo ficar tranquilo. Com mais algum tempo, o círculo se comprime e viajando pelo túnel acabo por chegar a um amplo salão, onde alguém já me espera. Concentro-me mentalmente, tentando deixar limpos coração e alma, mesmo depois de tudo que vi e ouvi, e o círculo acaba se quebrando num estalo. Com isso, a noite escura se afasta por um tempo e me sinto mais reconfortado. Resolvo então me aproximar da pessoa que está no salão e ao tocá-la, as revelações e as visões começam a surgir.

“Felipe é um funcionário público de alta hierarquia e como consequência de seu trabalho possui uma vida estabilizada junto com os demais membros de sua família: Sua mulher, Catherine, e seus dois filhos, Lucas e José. Em sua vida familiar, Felipe se mostra bastante carinhoso e responsável. No entanto, quanto ao seu caráter, ele não se mostra tão perfeito, pois age de maneira desproporcional em algumas atitudes. Um exemplo delas, é que ele gosta de festinhas, geralmente acompanhado com ex-colegas de faculdade e nestas ocasiões aproveita para beber muito com o objetivo de perverter os sentidos e se engraçar com algumas mulheres sempre presentes. Foi nesse caminho que começaram as primeiras traições. No início ele se mostrou bastante cauteloso e não despertava muitas suspeitas. Porém, com o tempo, convenceu-se que sua atitude era normal de um homem e não se preocupou em ser mais discreto. Um belo dia, ocorreu o inevitável: Sua mulher descobre as traições e sua desilusão com o marido é completa. Ela acreditava que estava casando com a pessoa certa e que o amor do casal seria para sempre. Revoltada, briga com o marido, mas não se separa porque o amor pelos filhos é maior. Já ele não se importou em ser descoberto e continua em seu caminho de traições. O tempo passa, a situação não muda e com ela sobrevêm doenças graves que lhe provocam a morte. Ele vai a julgamento e a noite escura usa a dor da mulher para condená-lo. Ele é mais um que as trevas recolhem em seu galpão e este é certamente o fim de todos os pervertidos.

A visão termina, o homem se despede, recomendado que eu divulgue sua história no mundo. Concordo, e um vento forte me leva de encontro ao túnel. Em poucos segundos estou de volta ao topo da montanha, transformado pelo conhecimento do terceiro pecado capital. Agora, só me restavam seis etapas para a completa compreensão da noite que atemoriza todos os corações.

De volta à cabana

Eu estava exausto, mental e fisicamente, após a realização do terceiro desafio. Decidi retornar imediatamente a cabana com o intuito de descansar. Com este objetivo em mente, começo a dar os primeiros passos e minhas preocupações se concentram no próximo desafio e na misteriosa e incógnita figura do hindu que ainda não conhecia. Será que eu conseguiria assimilar os seus ensinamentos? Seria o mesmo, paciente, como a guardiã? O quarto desafio seria muito mais perigoso que os anteriores? Bem, eu tentaria achar as respostas dessas perguntas quando me encontrasse com o dito cujo. Por enquanto, eu deveria assimilar completamente os conhecimentos que obtive nos três desafios anteriores.

O ritmo da caminhada continua intenso e já consigo ultrapassar um terço do percurso de volta. Quem era eu nesse momento? Não apenas um simples sonhador que subiu a montanha em busca dum destino que desconhecia, mas alguém em busca do conhecimento, o total controle e entendimento sobre os aspectos da noite escura, a mesma noite escura que era capaz de salvar ou condenar um indivíduo. Esses aspectos eram essenciais na minha formação de vidente e de homem. Só assim poderia prosseguir minha carreira em busca de mistérios e de verdades escondidas há séculos, com o intuito de fazer muitos corações sonharem. E o que é a vida sem sonhos? Um grande vazio sem sentido e sem alma. Por isto minha nova atitude em busca do tão ardoroso conhecimento.

Avanço um pouco mais e já ultrapasso metade do percurso. Nesse momento, o cansaço reaparece com muita força, mas tento não pensar nele e continuo a caminhar. Afinal, eu tinha aprendido na gruta que o homem só é digno quando se mostra digno e isso inclui a perseverança, o esforço e a dedicação. Era exatamente o que eu estava tentando cultivar no caminho de encontro ao destino, o qual eu teria que correr atrás, mesmo se eu quisesse alcançar a evolução tão necessária. Isto era essencial na minha carreira para que eu pudesse continuar encantando os corações de todas as idades. Era por eles e pelo universo maravilhoso, que me proporcionou dons, que eu me arriscava mais uma vez na montanha. A viagem tinha valido a pena, pois já descobri a origem da noite escura e mais dois aspectos importantes. Faltava seis etapas para a revelação final.

Aproximo-me do meu teto provisório, local em que descanso duma aventura tão fatigante. Percebo imediatamente a presença da guardiã, que tanto me ajudou no meu caminho. Chegando perto, ela inicia um diálogo:

– Então você cumpriu o terceiro desafio. Meus parabéns! Agora, conte-me sobre suas experiências e suas conclusões. Quero ter certeza que você está preparado para avançar ainda mais no complexo caminho da noite escura da alma.

– Antes de qualquer coisa, queria agradecer pela presteza da senhora e dedicação à minha causa. Sem seus conselhos, certamente eu não conseguiria superar todas as adversidades que encontrei. Saiba que a partir de agora minha vitória será também sua vitória. Quanto aos aspectos da noite escura da alma eu absorvi que o orgulho é a origem dessa noite escura. Ele impossibilita o indivíduo de enxergar o mais adequado caminho para evoluir e chegar junto ao Pai. Além disso, quem se deixa enganar por esse pecado, torna-se autossuficiente, e, como consequência dos seus atos, perde todo o contato com as forças da luz que poderiam ajudar em sua missão. Analisando bem esse pecado, terminei por concluir que a humildade é o único e melhor antídoto, pois só os humildes conseguem triunfar. Já com relação à avareza, o segundo pecado capital, pude concluir que ela fecha o coração do ser humano para a dor e os problemas dos outros. Precisamos entender que o dinheiro, o poder e a ostentação social não são perpétuos. São apenas bens materiais que podem e devem servir de meio para atingir a evolução desejada e necessária. Como acontece isso? Através da doação, da caridade e do desprendimento. Pensando mais um pouco sobre este pecado, concluo que os avaros nunca vão evoluir e provavelmente serão condenados pela noite escura que os persegue. Quanto à luxúria, a mesma afeta os aspectos da moralidade e da dignidade do ser humano. Atualmente há uma banalização do sagrado que perverte os sentimentos e o coração da pessoa, tornando-a impura. Com isso, perde-se o contato com o Pai Santo que quer apenas o nosso bem. Analisando a situação, posso dizer que os pecados da carne, incluindo a luxúria, são os mais perigosos, pois controlam os instintos humanos. A fim de nos libertamos, é necessária uma boa educação, recheada de princípios éticos e humanos. Precisamos, enfim, fazer com que a nossa parte espiritual e racional prevaleça sobre a parte animal. A luxúria é capaz de condenar, caso o indivíduo persista em seus erros.

– Interessante. Acho que você tem possibilidades de evoluir ainda mais, mas por enquanto é o suficiente. Você poderá passar à próxima etapa, o encontro com o hindu. Trata-se de um homem sábio, vindo do estrangeiro, especialista nos quatro últimos pecados capitais. Se obtiveres sucesso com ele, poderás avançar ainda mais, rumo a uma terceira etapa.

– Bem, eu não estou bastante seguro quanto a ser auxiliado por esse hindu. Ele é mesmo confiável?

– Se duvidas, é sinal de que ainda não estás pronto. Mas se queres mesmo o conhecimento, então não tem escolha. A minha parte já está cumprida, agora é com você e seu novo mestre.

– Onde o encontro?

– Ele reside aqui mesmo, na montanha, no Noroeste dela, numa casinha de sapê. Quando o vir, diga-lhe que você é o enviado do espírito da montanha. Ele irá prontamente atendê-lo.

– Obrigado por tudo, guardiã. Eu nunca esquecerei da senhora.

– Não se preocupe. Ainda nos veremos mais vezes porque você precisará de mim e dos meus conselhos. Boa sorte em seu caminho, filho de Deus, que você realize os seus sonhos mais profundos.

Logo em seguida, a guardiã desapareceu sem deixar rastro. Quem era exatamente ela? Eu até hoje não sabia, apesar de ter convivido com ela. A única certeza que eu tinha naquele momento era que ela fazia parte do mistério da montanha e do mundo, alguém digna de não ser esquecida. Depois da saída dela, descansaria um pouco e depois começaria a me preparar para o encontro com o hindu misterioso.

O encontro com o hindu

A passagem de fase me deixara muito feliz, mas ao mesmo tempo preocupado. Que desafios e perigos eu ainda teria que enfrentar? Como seriam os métodos adotados pelo hindu? Essas eram algumas das perguntas que povoavam minha mente. Pensando sobre o meu caso. Afirmo minha preparação e o fato de que não iria julgar ninguém sem ao menos conhecer. Com essa constatação, observo-me melhor e começo a crer que os conhecimentos outrora absorvidos me davam certa segurança para encarar finalmente esse novo mestre. Encho-me de ânimo e conto seis desafios que me separavam da minha plena evolução como vidente e como homem. A noite escura se aproximava.

Passado mais alguns segundos, concentro-me no meu íntimo, inspiro e expiro fortemente, e tomo enfim uma decisão: Era chegada a hora do encontro com o hindu. Eu tinha uma missão a cumprir. Recoberto de esperanças, começo a dar os primeiros passos rumo ao local que a guardiã me indicara. Neste momento, um sentimento de inquietação e medo do desconhecido preenche todo o meu ser, apesar de eu ser um vidente preparado pela gruta mais perigosa do mundo. Quem era esse homem que provocava esse tipo de reação? Certamente não era comum. O fato de ele dominar os mistérios dos quatro últimos pecados capitais o qualificava ainda mais. Seria realmente um privilégio conviver, mesmo que fosse por pouco tempo, com um homem desses, concluo. No instante posterior, acalmo-me mais e acelero os meus passos, pois a curiosidade imperava. Avanço mais e chego a metade do percurso. As minhas forças opostas dão sinal de que estão em choque e então me esforço para controlá-las. Qualquer deslize seria fatal.

A caminhada rápida faz minha mente vagar por tempos e espaços distantes, à procura de respostas sobre a condição humana. A aventura anterior, as minhas sombras, a evolução e a própria estrutura da sociedade são alguns dos temas que ela repassa. Analisando o primeiro item, lembro-me muito bem da última vez que subi a montanha em busca do meu destino e dos meus sonhos. Neste respectivo caminho, consegui escalar uma montanha íngreme e cheguei ao seu topo. Lá encontrei a guardiã, o fantasma, a jovem, o menino, e a convivência com eles, junto com os desafios, deram-me uma maior certeza do que eu queria. Depois de ultrapassar vários obstáculos, finalmente entrei na gruta, obtive o sucesso e enfim me transformei num vidente poderoso, capaz de desvendar os mistérios mais profundos e realizar milagres no tempo e no espaço. Com todos esses atributos, consegui reunir as forças opostas, mas isto ainda era apenas a primeira etapa da minha evolução. O meu desafio era bem maior do que eu imaginava. Entre os desafios, estava a controlar minha própria força, anseios e conhecer profundamente a noite escura, a qual eu tinha vivido intensamente há pouco tempo. Essa parte tenebrosa da minha vida ainda me preocupava e se eu não conseguisse superá-la não chegaria a compreender as diversas noites escuras pelas quais as pessoas passam. Isto tudo remetia a uma palavra: Evolução. Era necessário evoluir como vidente e como homem para no futuro chegar ao caminho do Pai sem ressentimentos, sem dor e sem medo. Ficar entre os justos era o meu objetivo principal. No entanto, eu não poderia pensar apenas em mim mesmo e esquecer os meus demais companheiros que labutam diariamente numa sociedade injusta e pérfida. Tenho que achar alternativas para que eles evoluam também, apesar de todas as dificuldades impostas pelo capitalismo e pelas elites. Bem, isso é tema para outro livro. Agora tenho que me concentrar em conhecer completamente a noite escura e posteriormente superá-la.

Continuo avançando no caminho e um tempo depois consigo avistar a casinha de sapê. Neste momento, meu coração dispara e fico parado em plena Contemplação. Posteriormente, consigo me recupera do choque e volto a caminhar na direção indicada. Ao chegar à beira da porta, bato palmas. Imediatamente sou atendido por um homem magro, aparentando cerca de sessenta anos, com pele bronzeada, corpo bem definido, vestido com trajes típicos de seu país de origem. Ele inicia o diálogo.